Caminhoneiros mantêm interdição da Castello Branco até que secretário negocie com líderes

01/07/2013 - 19h37

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

 

São Paulo – Os caminhoneiros que interditam a Rodovia Castello Branco, na região de Barueri, na Grande São Paulo, desde as 5h de hoje (1º), pretendem permanecer no local até que líderes do movimento sejam recebidos pelo secretário estadual de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho. O protesto já dura 13 horas e a rodovia, que liga a capital paulista ao oeste do estado, está interditada nos dois sentidos.

Os caminhoneiros autônomos reivindicam redução de 50% na tarifa do pedágio no período noturno, cancelamento da cobrança por eixo erguido da carreta, que, segundo a categoria, deve entrar em vigor em breve, e diminuição de 25% no preço do óleo diesel. “A gente volta vazio e não paga o eixo, mas ele [o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin] quer cobrar isso agora”, disse Claudinei Oliveira, um dos organizadores do protesto.

Caso não ocorra negociação com o governo estadual, a categoria ameaça continuar bloqueando a rodovia. “[Vamos interditar a rodovia] até o secretário de Transportes falar com a gente ou abrir alguma audiência para falar com a gente”, informou, por telefone, à Agência Brasil. “Podemos ficar dias, até 72 horas parados”, disse Oliveira, ressaltando que o protesto é pacífico e que os acostamentos da rodovia, em ambos os sentidos, foram liberados para automóveis, ônibus e ambulâncias.

De acordo com Oliveira, até o momento, ninguém do governo paulista procurou os líderes da manifestação para marcar uma reunião ou abrir negociação com a categoria. Segundo ele, cerca de 3 mil caminhoneiros estão parados na Castello Branco – o número não foi confirmado pela Polícia Rodoviária Estadual.

A Polícia Rodoviária informou à Agência Brasil que a rodovia continua fechada nos dois sentidos, mas que uma faixa em cada sentido foi liberada para circulação de automóveis e motocicletas. A corporação não soube precisar o número de caminhões parados na rodovia. Na direção do interior, o congestionamento chega a 7 quilômetros e, na direção da capital, a 2 quilômetros. A Polícia Rodoviária confirmou o caráter pacífico da manifestação.

Segundo a CCR ViaOeste, que administra a rodovia, o tráfego na Castello Branco está interrompido nos dois sentidos por causa da manifestação. A concessionária informou que o bloqueio, sentido capital, ocorre na altura das cidades de Itapevi e Barueri, entre os quilômetros 32 e 30, e em Barueri, no sentido interior, entre os quilômetros 24 e 30.

A Agência Brasil procurou a Secretaria de Transportes, que informou não ter recebido, até o momento, pedido do movimento para marcar uma reunião com o secretário. Segundo a secretaria, Saulo de Castro Abreu Filho está disposto a conversar com os manifestantes, embora ainda não tenha sido procurado por ninguém do movimento.

Em nota, a Agência de Transportes do Estado de São Paulo e a Secretaria Estadual de Logística e Transportes informaram que a cobrança de pedágio por eixo suspenso dos veículos comerciais “é neutralizada pelo não repasse do reajuste tarifário anual de 6,5%”. “A cobrança do eixo suspenso não foi implantada hoje, pois ainda depende da conclusão de medidas jurídicas e técnicas para ser efetivada. Não há previsão para conclusão dessas medidas”, dizem a agência e a secretaria. De acordo com os dois órgãos, a paralisação de hoje não tem apoio do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, nem da União Nacional dos Caminhoneiros.

A nota dos dois órgãos acrescenta que a cobrança do eixo suspenso já foi discutida com várias entidades que representam a categoria. “Há casos de reclamação, mas não representam a opinião da categoria. Essa cobrança já é feita nos pedágios das rodovias federais. A adoção da medida beneficiará toda a população ao integrar o pacote de ações para zerar o reajuste. É importante destacar que o uso do eixo suspenso provoca efeitos na frenagem e estabilidade do caminhão, afeta a estabilidade do veículo, tornando-o mais suscetível ao tombamento, reduz sua capacidade de frenagem e leva à insegurança”, diz a nota.

Edição: Nádia Franco

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