Torcedores dentro do Maracanã sentem efeitos do gás usado em confronto

30/06/2013 - 20h43

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Torcedores que estão dentro do estádio do Maracanã começam a sentir os efeitos do gás lacrimogêneo, usado no confronto entre policiais e manifestantes, do lado de fora. O gás também atingiu voluntários e seguranças nos acessos ao estádio.

Durante o Hino Nacional, o torcedor Yann Gelineaud, de 43 anos, que está na área amarela, dentro do estádio, em frente ao local onde ocorreu o confronto, disse que sentiu cheiro do gás, mas que não dava para ver a fumaça. "Não ouvimos as bombas, sentimos um efeito, fraco, mas sentimos", declarou.

Do lado de fora, minutos antes de a seleção entrar em campo, correria e tumulto marcaram a ação da Polícia Militar (PM), que usou bombas de efeito moral, reagindo a ataque dos manifestantes. Voluntários saíram correndo, tentando se proteger, e foram para a frente do estádio, na altura da estátua do jogador Bellini.

No local, onde fica a entrada de prestadores de serviço, profissionais de segurança privada se deslocaram para dentro das tendas, mas o gás se espalhou e atingiu quem trabalhava nas imediações. Os que resistiram na porta da tenda lacrimejavam e coçavam o nariz. Eles tentaram se proteger com guardanapos.

O montador de palco Roberto (nome fictício), que estava deixando o expediente, teve que voltar para dentro da tenda como forma de se proteger dos efeitos do gás. Com a face protegida pela camisa, ao tentar ir embora mais uma vez, contou que estava com dificuldade de respirar. "Eu só quero ir embora, já deu", disse.

Outra voluntária, que também não quis se identificar, relatou que voltava da entrada do portão amarelo, onde passou as última horas orientando torcedores, quando o conflito explodiu. Ela e o grupo, com olhos visivelmente irritados, reclamavam da ação da polícia. "Eles estavam muito perto do estádio, não era para ser assim".

Ainda é possível ouvir o barulho das bombas de efeito moral explodindo no entorno do Maracanã, mas a polícia já dispersou os manifestantes, que protestavam contra a licitação do estádio, feita pelo governo estadual.  
 
Edição: Graça Adjuto

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