Fernando Pessoa manifestou angústias em outros três poetas que criou

13/06/2013 - 8h53

Nádia Faggiani e Gilberto Costa
Repórteres da EBC

Brasília e Lisboa - Considerado o maior poeta da língua portuguesa, Fernando Antonio Nogueira Pessoa, conhecido como Fernando Pessoa, completaria hoje (13) 125 anos.  Nascido em Lisboa, Portugal, o poeta fingidor, como se autodenominava, criou os heterônimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, cada um com personalidade e biografia próprias, o que os leva a serem objeto da maior parte dos estudos sobre a sua obra.

A pesquisadora portuguesa Teresa Rita Lopes, especialista na obra do poeta, lembra que apesar de Fernando Pessoa ter assinado textos literários com mais de 70 nomes, ele próprio destacou a existência de apenas três heterônimos, personagens que adquiriram independência em relação ao seu criador.

“Se vocês virem o estilo do Ricardo Reis, é inconfundível, o do Alberto Caeiro e do Álvaro de Campos, também. Só esses três é que têm vida própria, personalidade própria e estilo próprio. E os três são ele melhor. Para Fernando Pessoa, essa androginia espiritual era uma maneira de ele atingir a perfeição”.

O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa ressaltou que Fernando Pessoa viveu mais por meio da sua poesia do que de sua própria vida.  “Ele tinha uma vida, digamos assim, medíocre no seu exterior, e uma vida interior em que construiu seus próprios personagens”, disse.

O primeiro poema foi escrito para a mãe, aos 7 anos de idade. Quando tinha 5 anos, seu pai, funcionário público e crítico musical do Diário de Notícias, morreu de tuberculose. No ano seguinte, a mãe casou-se pela segunda vez com o cônsul de Portugal em Durban, África do Sul, país onde Pessoa chegou aos 6 anos e viveu até os 17.

Nesse período, ele recebeu educação em língua inglesa e, por isso, seus primeiros textos foram escritos nesse idioma. O sobrinho de Fernando Pessoa, Luís Miguel Rosa Dias, de 82 anos, conta que a presença do tio na África do Sul é evidente.

“Em Durban há o colégio onde ele estudou, há um museu só de Fernando Pessoa. Em Pretória, uma das praças principais, há um busto de Fernando Pessoa. E é tudo Fernando Pessoa por todo lado”, disse à Agência Brasil.

O professor de crítica literária da PUC-São Paulo e especialista na obra do poeta, Fernando Segolin, ressaltou que a figura enigmática de Fernando Pessoa desperta interesse no leitor porque, ao mesmo tempo, em que fala dos pequenos dramas do dia a dia, apresenta diversas visões sobre o mundo. “[Isso] Se deve a essa dimensão terna e, por outro lado, angustiada e consciente da contradição humana. É um homem que fala também dos nossos pequenos dramas do dia a dia”.

Os únicos livros do poeta publicados em vida são as coletâneas de poemas em inglês Antinous, 35 Sonnets e English Poems I, II e III, além do livro Mensagem, em língua portuguesa.

Pessoa morreu em 1935, aos 47 anos, de cirrose hepática. Sua última frase no leito de morte foi escrita em inglês: "I know not what tomorrow will bring" - "Eu não sei o que o amanhã trará".

Edição: Marcos Chagas

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