No Rio, moradores da comunidade do Horto mantêm vigilância para impedir remoção de casas

03/04/2013 - 14h58

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – Moradores da comunidade do Horto continuam vigilantes para a possibilidade de remoção de uma família de cerca de 20 pessoas. Uma barreira humana foi montada para evitar que um mandado de reintegração de posse, emitido pela 23ª Vara Federal, fosse cumprido na manhã de hoje (3).

A barreira humana, que fazia vigília desde o início da manhã de hoje, foi desmobilizada por volta das 13h quando a presidenta da Associação de Moradores do Horto, Emília Souza, recebeu a informação de que o mandado não seria cumprido hoje. “Mas vamos nos manter vigilantes. Se percebermos que o oficial de justiça está chegando com a polícia, avisamos os vizinhos e tentamos nos reunir o mais rápido possível”, disse Emília.

A mobilização envolveu dezenas de moradores, com apoio de integrantes de movimentos sociais e até indígenas que ocupavam o antigo Museu do Índio. Além disso, foi montada uma barricada feita com tapumes, vigas de metal e pedras.

Nas casas sob risco de remoção moram Delton dos Santos, 71 anos, e vários de seus parentes, entre os quais três crianças, de 3 a 8 anos de idade. A família é uma das 620 cujas casas ocupam o entorno do Instituto Jardim Botânico, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A remoção foi reivindicada pela União na década de 80, sob a alegação de que as residências foram construídas dentro da área do parque, de acordo com o advogado da Associação de Moradores do Horto, Rafael da Mota.

As remoções foram pedidas à Justiça, em mais de 200 ações de reintegração de posse. O advogado conta que, apesar de ter ganhado todas as ações há alguns anos, a União decidiu recentemente suspender temporariamente a remoção das casas. Mesmo assim, a 23ª Vara Federal resolveu decretar a remoção dessas quatro casas.

Max Luiz dos Santos, 45 anos, filho de Delton, conta que sua família vive há décadas no local e que seu avô ganhou o terreno da direção do Jardim Botânico quando trabalhava como agente florestal. “Já ocupamos essa casa há cinco gerações, já que tenho um neto de 3 anos de idade. Se eu tiver que sair daqui, não temos para onde ir. Nossa família será desmantelada”, disse o morador.

Segundo ele, seu pai, que tem duas pontes de safena, passou mal e teve que ser hospitalizado há alguns dias. Em defesa da família, os moradores dizem que há alguns anos a própria União encomendou um estudo à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para viabilizar a regularização das mais de 600 casas. Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a União formasse uma comissão para determinar os reais limites do Jardim Botânico. Segundo o deputado federal Edson Santos (PT/RJ), cuja família mora na comunidade do Horto, o trabalho ainda não foi concluído, o que deve ocorrer neste mês.

 

Edição: Lílian Beraldo

 

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