Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Novas informações e novos envolvidos no incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS) ainda poderão surgir, segundo os delegados da Polícia Civil Marcelo Mendes Arigony e Sandro Luís Meinerz. No início e no curso das investigações, foi solicitada a quebra de sigilo, tanto bancária quando telefônica, fiscal, entre outras, de possíveis envolvidos no incêndio. Os delegados não revelam os nomes das pessoas.
Os dados solicitados ainda não foram todos entregues, abrindo margem para que surjam novas ligações entre as pessoas e novos envolvidos. “De todas as solicitações que fizemos, apenas uma foi atendida até agora. Esses dados podem nos dar novas informações”, diz Sandro Luís Meinerz.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (3), os delegados disseram que fizeram o possível para finalizar o inquérito em 55 dias, já com o prazo estourado. “Temos legislação processual que devemos respeito, chegamos a um ponto em que extrapolamos todos esses prazos e tivemos que mandar o inquérito. Tanto a sociedade, quanto o Ministério Público queriam conclusões. Tivemos pressão de tempo, da sociedade e processual. ”, disse Marcelo Mendes Arigony.
Ao todo, foram indicadas 36 pessoas envolvidas no caso pela polícia, das quais 28 foram apontadas com alguma responsabilidade. Ontem o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul acusou formalmente oito pessoas.
“Estamos em situação diametralmente oposta. Podemos dizer que o MP não acatou nossos indiciamentos. Não voltaríamos atrás em nada, faríamos da mesma maneira”, disse Arigony. Meinerz acrescentou que “todas as pessoas que conseguimos, por meio de ações e omissões, vinculação com a Kiss, apontamos isso”.
Meinerz comentou o arquivamento dos inquéritos do secretário municipal do Meio Ambiente , Luiz Alberto Carvalho Junior; do chefe do Setor de Cadastro da Secretaria Municipal de Finanças, Marcus Vinícius Bittencourt Biermann e do gerente da boate, Ricardo de Castro Pasche. Sobre o primeiro, disse: “com ação desse agente, a casa poderia ter sido fechada, ele teve conhecimento da situação irregular da boate. De certa forma, essa omissão colaborou com os fatos”.
A mesma afirmação foi feita em relação ao prefeito da cidade, Cezar Schirmer. “Encontramos documentos que provam que ele também teve acesso à situação irregular do estabelecimento e não tomou nenhuma providência”.
Os delegados disseram que a polícia se empenhará para apurar o que foi solicitado pelo MP: novas investigações das responsabilidades de Ângela Aurélia Callegaro, gerente da boate; Marlene Teresinha Callegaro, sócia do estabelecimento; Miguel Caetano Passini, secretário municipal de Controle e Mobilidade Urbana e Beloyannes Orengo de Pietro Júnior, superintendente de Fiscalização da Secretaria Municipal de Controle e Mobilidade Urbana. “Vamos tentar esmiuçar o quanto pudermos”, disseram.
O incêndio ocorreu no dia 27 de janeiro, 241 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas. A estimativa é que pelo menos 877 pessoas estavam na boate.
Edição: Fábio Massalli
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