Camila Maciel
Enviada especial
Florianópolis – Moradores do bairro Caiera do Saco do Limão enfrentam dificuldades para chegar em casa depois que um ônibus foi queimado na região, na última terça-feira (5). Com o ataque, 14 linhas sociais – que circulam somente dentro de bairros localizados em morros da capital catarinense – foram suspensas. Por volta das 19 horas de hoje (7), vários moradores, depois de descer do ônibus que os deixa no início da ladeira, tinham que subir o morro andando para chegar em casa.
A Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais da prefeitura informou que a partir de amanhã (8) as linhas voltam a circular com escolta da Polícia Militar (PM). “Foi necessário adotar essa medida por segurança, dos próprios moradores, inclusive. Agora o efetivo da polícia vai fazer a proteção e os ônibus voltam a circular até as 20 horas”, justificou Vinicius Cofferri, diretor de operações da secretaria.
A auxiliar de limpeza Glaciella Januário, 35 anos, subia ofegante a ladeira que a levaria até a sua casa. “Dá uma canseira grande. Tem que subir devagar e descansar no caminho”, disse. Ela normalmente demorava cerca de uma hora para fazer o percurso de volta do trabalho e agora demora até duas horas para cumprir o trajeto. “Só de caminhada são 25 minutos, meia hora”.
Para o oficial de ferrugem Rogério Cerqueira, 24 anos, “pior do que o ataque foi a suspensão das linhas”. Ele aguardava, junto com a filha, a esposa que chegaria do trabalho para subirem juntos a ladeira. “Com criança é mais difícil, porque ela gosta de descer, mas para subir quer ir no braço”, disse.
A ladeira, com grande inclinação vertical, também é uma dificuldade para o carpinteiro Isaías Alves, 54 anos. “Faço o caminho em mais de uma hora. Devagarzinho. Cansa, não é?”, disse.
O pedreiro Ismael Braúna, 27 anos, não concorda com a justificativa dada para a suspensão das linhas. “As pessoas não têm nada a ver com isso que está acontecendo. Se é pela segurança, deixar o povo andando na rua a pé não é pior”, disse.
Os moradores dizem que a suspensão das linhas foi mais significativa na rotina do bairro do que os ataques. “Tem gente que diz que está com medo, mas o povo não deixa de fazer suas coisas. Parece que está tudo normal. Tem gente sempre na rua”, avaliou o aposentado Gentil Farias, 61 anos, que também fazia o trajeto de subida a pé.
O ajudante de bar Carlos Roberto Silva, 60 anos, também não percebeu mudanças na movimentação da clientela. “As pessoas vêm normal. Mas tem gente que diz que está com medo de pegar ônibus”, disse. No quiosque de lanches do Ricardo Moura, 28 anos, o movimento também permanece. “A gente fecha meia-noite e não teve alteração mesmo com esses ataques”, disse.
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Edição: Fábio Massalli
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