Justiça da Argentina julga pilotos acusados de voos da morte durante ditadura

28/11/2012 - 10h08

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na Argentina, oito pilotos responsáveis pelos chamados “voos da morte”, feitos durante a ditadura militar, serão levados hoje (28), pela primeira vez, a julgamento em Buenos Aires, capital do país. Os pilotos são acusados do desaparecimento de presos políticos. O julgamento faz parte do processo que envolve crimes contra humanidade ocorridos na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), em um total de 789 casos.

O julgamento público começa hoje e a previsão é que dure dois anos. Serão ouvidas 830 testemunhas. A Esma foi o maior centro clandestino de detenção da ditadura da Argentina. De acordo com organizações de direitos humanos, de 1976 a 1979, cerca de 5  mil pessoas, inclusive  mulheres grávidas, desapareceram.

Na relação de 68 réus estão os ex-aviadores Enrique de Sain George, Emir Sisul Hess, Alejandro Agostino e Julio Poch, naturalizado holandês e extraditado da Espanha para a Argentina, onde é acusado de crime de privação ilegal de liberdade, agravado por mais 29 denúncias. Poch, segundo relatos, contou ter participado do desaparecimentos das freiras francesas Alice Domon e Leonnie Duquet.

O procurador responsável pelo processo de instrução da Operação Condor, Jorge Osorio, disse que os “voos da morte” ocorreram no período de 1976 a 1978 e podem ter sido realizadas cerca de 2,7 mil ações.

Em março, o juiz federal Daniel Rafecas confirmou a existência de elementos que garantem que os voos ocorreram. De acordo com as investigações, os voos eram feitos nas aeronaves Fokker 27 e C-130 Hércules da Força Aérea Argentina.

*Com informações da agência estatal de notícias de Cuba, Prensa Latina.

Edição: Graça Adjuto