Representante brasileiro acusa FMI de dar passo atrás em discussão sobre reforma de cotas

02/08/2012 - 18h06

Da BBC Brasil

Brasília - O representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Jr., acusou nesta quinta-feira (2) a instituição de dar um “passo atrás” na discussão sobre a sua reforma de cotas, que pode dar mais poder de decisão aos países emergentes.

Segundo o representante, a instituição “perde tempo” ao não propor uma fórmula simples de distribuição de poder no Fundo, que liste os países com base no Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB per capita de cada um.

As críticas foram feitas em reação a um documento técnico do FMI, que discute critérios para a fórmula aos quais o Brasil se opõe: uma variável de abertura financeira, que Batista Jr chamou de “não convincente”, e outra de contribuição financeira com o Fundo, que o economista equiparou a “vender cotas”.

Em nota, o FMI indicou que “nenhuma decisão” foi tomada e que as discussões continuarão até que a nova reforma seja completada, em janeiro de 2013. O tema será discutido na próxima reunião dos ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais dos membros do Fundo, em outubro no Japão.

Quando os Legislativos dos países-membros aprovarem a mais recente revisão, em 2010, a participação do Brasil passará do atual 1,7% para 2,3%. Entretanto, vários países ainda não ratificaram a mudança, incluindo o Congresso americano, mais preocupado com seus assuntos internos.

Batista Jr disse que uma revisão completa do peso dos países é essencial para que a instituição não “perca importância e credibilidade” na economia mundial.

Desde 2009 o grupo de países emergentes e avançados, o G20, tem reafirmado em suas declarações o princípio de que “a distribuição das cotas (...) deve refletir melhor o peso relativo dos membros do FMI na economia, que mudaram substancialmente tendo em vista o forte crescimento do PIB nos mercados emergentes dinâmicos e países em desenvolvimento”, nas palavras do comunicado mais recente, emitido após a reunião do grupo no México, em junho.