Rede feminina lança Plataforma 20, documento com diretrizes para envolver mulher no tema do desenvolvimento sustentável

31/05/2012 - 16h08

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Envolver mulheres da chamada nova classe C em iniciativas que tenham como princípio o desenvolvimento sustentável é uma das três propostas da Plataforma 20, documento lançado hoje (31) pela Rede Brasileira de Mulheres Líderes pela Sustentabilidade, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente. O documento será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começa no dia 13 de junho.

Elaborada pelo grupo chamado Margaridas de Salto Quinze, que reúne cerca de 200 mulheres, entre legisladoras, empresárias, representantes do Judiciário, do Executivo e do terceiro setor, a plataforma apresenta 15 medidas em três áreas. Os objetivos são aumentar o número de mulheres em cargos de gestão, favorecer o empreendedorismo sustentável e o consumo consciente.

Pesquisa apresentada no documento revela que a sustentabilidade é um conceito difícil de ser entendido no dia a dia. Por meio da plataforma, a Rede Brasileira de Mulheres quer focar ações que traduzam o conceito principalmente para a classe C, “em geral, mais influenciada por um padrão televisivo de consumo que não considera certos valores”.

“A televisão veicula, digamos assim, os valores do mercado e do gosto popular. Tem muita dificuldade de incorporar novos valores. Por isso, o que a gente quer é um diálogo muito franco e aberto com a mídia para incentivar que a sustentabilidade conste de programas e novelas”, disse a secretária de Articulação e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo.

A Plataforma 20 também cita pesquisa mostrando que 70% das compras no Brasil são escolhidas pelas mulheres e diz que é “preciso tirá-las do piloto automático”, onde o consumo é “sinônimo de felicidade e identidade pessoal”, chamando a atenção para a “melhor escolha de produtos”. A entidade defende que essa conscientização se dê por meio de campanhas que valorizem o papel das mulheres nesse processo, com linguagem acessível.

“Não adianta falar às mulheres que comem comida congelada quando chegam em casa para ir à feira comprar produtos orgânicos. Isso está fora da realidade delas. Mas é possível orientar para o não desperdício de alimentos”, disse Lúcia Costa, responsável pela pesquisa, que levou o título O que o Brasil Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável – Mulheres e Tendências de Consumo.

O documento para a Rio+20 traz ainda medidas para aumentar o número de executivas em cargos de gestão até 2020, principalmente nos Conselhos de Administração, “inserindo a sustentabilidade no coração dos negócios e das empresas”. De acordo com dados da Plataforma 20, de 2.647 posições em diretorias e conselhos fiscais, as mulheres ocupavam 204 em 2011.

Ao defender mais mecanismos de acesso a crédito e aos meios de produção, como a terra, voltado às mulheres, a Rede Brasileira também sugere mais parcerias para aumentar a reciclagem de produtos e mais treinamento para “inserir empreendedoras no comércio justo”.

A expressão Margaridas de Salto Quinze faz referência à Marcha das Margaridas, movimento de trabalhadoras rurais em defesa de políticas públicas com recorte de gênero no campo.

Edição: Lana Cristina