Incêndio em alojamento da Usina Jirau foi criminoso, diz presidente de confederação de trabalhadores

03/04/2012 - 18h56

Pedro Peduzzi e Gilberto Costa
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira, Cláudio Gomes, disse que o incêndio desta madrugada (3) em 37 alojamentos da obra da Hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira (RO), foi criminoso. “É uma coisa criminosa. Colocou a vida em risco de vários trabalhadores”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Gomes, o incêndio foi provocado por empregados insatisfeitos com o resultado da assembleia de ontem dos trabalhadores, na qual foi aprovado o acordo acertado na negociação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). “Eles não acataram a decisão. Não respeitaram a vontade da maioria”.

A decisão, aceita pela maioria dos trabalhadores de Jirau e pela unanimidade dos trabalhadores da Hidrelétrica Santo Antônio, também no Rio Madeira, prevê o aumento de R$ 170 para R$ 220 da complementação da cesta básica, para os trabalhadores que recebem até R$ 1,5 mil mensais. E para quem ganha mais de R$ 1,5 mil por mês um aumento de R$ 200 na cesta básica. As obras das usinas ficaram paralisadas durante 26 dias.

O presidente da confederação não quis acusar nenhum envolvido ou apontar grupo político responsável. “Não temos como identificar”. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia, Raimundo Enelson, os envolvidos são de um grupo minoritário que agem “por algum interesse que não sabemos qual”.

Enelson estima que 5,6 mil trabalhadores foram afetados. Desses, 500 poderão retornar nesta noite aos alojamentos parcialmente atingidos. Os demais serão abrigados em unidades do Serviço Social da Indústria (Sesi), hotéis e pensões de Porto Velho. Conforme o presidente do sindicato, a empresa fará rescisão dos contratos dos trabalhadores que quiserem deixar a obra.

Em nota, a Camargo Corrêa, empreiteira contratada para a construção da obra, informou que o incêndio atingiu cerca de 30% dos alojamentos. A empresa confirmou que houve uma morte, mas não deu detalhe. A suspeita é de a morte foi por ataque cardíaco em meio à confusão.

Cerca de 7 mil trabalhadores estavam nos alojamentos da obra. A empresa disse que, no momento, “o clima é de estabilidade e controle”, e que os esforços “estão concentrados na mobilização de recursos para a retirada com segurança dos trabalhadores que desejam deixar o canteiro de obras, cerca de 3 mil pessoas”.


Edição: Rivadavia Severo