Luciana Lima*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O assessor da secretaria geral da Presidência da República, José Lopes Feijó, disse hoje (3) que o governo vai reforçar a segurança nas obras de construção da Usina Hidrelétrica Jirau.
Esse reforço, conforme o Ministério da Justiça confirmou posteriormente, vai ocorrer com o envio de mais 120 homens da Força Nacional de Segurança Pública, que já atua na região do Rio Madeira, em Rondônia, onde a obra está sendo realizada. Atualmente, 100 homens da Força estão na região. O ministério informou ainda que, em Jirau, a Força de Segurança atua sob determinação da Polícia Militar do estado.
A informação foi dada depois da primeira reunião Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção, realizada na tarde de hoje, no Palácio do Planalto. "Cabe ao governo agora promover e dar segurança para que os noventa e tantos por cento dos trabalhadores que resolveram voltar ao trabalho possam fazê-lo sem correr riscos", disse o assessor.
A Construtora Camargo Corrêa, contratada pelo consórcio de Jirau para construção das obras civis da usina, informou por meio de nota que, na madrugada, voltaram a ocorrer atos de vandalismo no canteiro de obras. Segundo a empresa, houve incêndio e depredação em cerca de 30 unidades de alojamentos dos trabalhadores, aproximadamente 30% do total. De acordo com a construtora, não houve vítimas.
O conflito ocorre após paralisação de 26 dias, provocada por uma greve que foi julgada ilegal pela Justiça do Trabalho. José Lopes Feijó considerou que houve uma decisão dos trabalhadores em assembleia pela volta ao trabalho e atribuiu os incêndios a um grupo restrito de trabalhadores. "Jirau teve uma decisão absolutamente majoritária em assembleia, por parte dos trabalhadores, no sentido de encerrar a greve e continuar as negociações aceitando proposta que foi feita", destacou.
"Um pequeno grupo, um grupo restrito resolveu impedir que a vontade democrática dos trabalhadores estabelecida em assembleia se concretizasse", disse o assessor da Presidência. "Trata-se, portanto, de se estabelecer parâmetros de segurança no sentido de que aquela decisão que foi tomada pelos trabalhadores não seja objeto de impedimento por parte de um grupo que resolveu praticar atos de vandalismo", observou Feijó.
"Enquanto não tinha uma decisão dos trabalhadores em assembleia, o governo não podia prover nenhum tipo de segurança adicional porque poderia parecer que o governo estava forçando os trabalhadores a aceitar algum tipo de comportamento e não é da índole do governo fazer isso", acrescentou.
De acordo com o assessor, com relação às obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, a única reclamação dos trabalhadores apresentada na reunião desta terça-feira referia-se à forma como tem ocorrido o pagamento dos salários. Segundo os representantes dos trabalhadores, os vencimentos estão sendo pagos ao mesmo tempo para todo grupo em um local improvisado, onde funciona uma danceteria.
* Colaborou Daniella Jinkings
Edição: Lana Cristina