Ampliação do Plano Brasil Maior melhora ambiente de negócios e de empregos, segundo associações industriais

03/04/2012 - 21h22

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A ampliação do Plano Brasil Maior, com as medidas de desoneração fiscal anunciadas hoje (3) pelo governo, é um “passo importante” para melhorar o ambiente de negócios e aumentar a participação da indústria na produção e no emprego, de acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade.

Ele ressalta, porém, que o problema da indústria não é de ordem conjuntural apenas. Trata-se, segundo ele, de uma questão estrutural, que reflete problemas de competitividade sistêmica. No seu entender, a desoneração da folha de salários, créditos e defesa comercial ajudam, mas é necessária uma estratégia clara de política industrial, com objetivos bem definidos, para que a indústria tenha “isonomia competitiva”.

Os 15 setores da indústria beneficiados com desoneração da folha de pagamentos têm grande peso na formação de empregos. Casos, por exemplo, da indústria de confecções, que emprega 1,322 milhão de pessoas em todo o país; da indústria têxtil com seus 334,7 mil postos de trabalho diretos, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), bem como 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos da cadeia automobilística, segundo estima a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, também acredita que as medidas terão impacto positivo no setor têxtil e de confecções, mas defende “mudanças contínuas e profundas nas estruturas de produção”. Segundo ele, o anúncio de hoje mostra uma “sensível preocupação” com a desindustrialização e suas possíveis consequências para o país, como a redução de empregos.

O professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Samy Dana, também bate na mesma tecla. Ele diz que não adianta apenas reduzir tributos pontuais e específicos, quando é necessário diminuir toda a carga tributária brasileira e, sobretudo, reduzir o spread bancário (diferença entre os juros que os bancos pagam aos clientes e os juros cobrados nos empréstimos). Sem isso, segundo ele, não haverá grande aumento do número de empregos no país com essas medidas.

“Precisamos fazer mais para que a indústria brasileira ganhe em competitividade e para isso o governo precisa investir mais em infraestrutura e trabalhar por uma ampla reforma tributária”, acrescentou.

Edição Fábio Massalli