Patriota pede explicações ao embaixador do Brasil no Irã sobre relações bilaterais

27/01/2012 - 12h23

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou com o embaixador do Brasil no Irã, Antonio Salgado, por cerca de uma hora, no Rio de Janeiro. A reunião ocorreu anteontem (25) antes da partida do chanceler para Davos, na Suíça. Patriota quis saber de Salgado se havia restrições por parte dos iranianos à política externa brasileira, conforme entrevista do porta-voz do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad,  Ali Akbar Javanfekr.

Diplomatas que acompanharam a conversa de Patriota com Salgado disseram que o embaixador brasileiro em Teerã negou que as relações entre o Brasil e o Irã estejam abaladas. Segundo Salgado, os contatos comerciais entre os dois países são intensos e tendem à ampliação. Salgado acrescentou que não há estremecimento por parte dos iranianos em relação aos brasileiros.

No dia 23,  Ali Akbar Javanfekr fez comentários sobre o governo brasileiro, em entrevista à Folha de S. Paulo De acordo com ele, o governo não deu continuidade à política iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, nos últimos dias, os porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores e o próprio Javanfekr desmentiram as críticas. De acordo com eles,  as relações do Irã com o Brasil são positivas.

Segundo o professor Murilo Sebe Bon Meihy, do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, é necessário compreender que a política externa iraniana é “complexa”, pois envolve três setores de Poder – o Executivo, o religioso e o Legislativo.

“No Irã, há uma composição de poderes. São pelo menos três forças que vivem uma espécie de competição. A declaração de um porta-voz não representa o todo. É preciso compreender essa complexidade”, alerta Meihy.
  
Em 2010, Lula esteve em Teerã para negociar um acordo de paz entre o Irã e a comunidade internacional envolvendo o programa nuclear desenvolvido no país. Porém, os termos do acordo foram rejeitados pela maioria dos países e os iranianos acabaram alvos de uma série de sanções.

Para a comunidade internacional, o programa nuclear iraniano é uma ameaça, pois há suspeitas de produção de armas. No entanto, Ahmadinejad e as autoridades iranianas negam essas acusações, informando que a interpretação sobre a tecnologica nuclear do Irã é política e não técnica.

Edição: Graça Adjuto