Operação flagra crime ambiental e fecha carvoaria em área de proteção no Rio

11/10/2011 - 19h41

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Uma operação conjunta envolvendo 220 homens das polícias Civil, Militar e Federal flagrou crimes ambientais e fechou uma carvoaria que queimava árvores de manguezais da Baía de Guanabara. Também foram autuadas 30 empresas de reciclagem de lixo que jogavam os resíduos no mar.

A operação ocorreu hoje (11) no entorno do depósito de lixo de Gramacho, em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio. O local é responsável pelo recebimento da maior parte dos resíduos da capital e de outras grandes cidades do entorno. Classificada como área de proteção permanente (APP), o manguezal às margens da baía é uma das últimas reservas de mata que restaram da vegetação original.

As árvores eram cortadas e queimadas em fornos de barro. O carvão era embalado e vendido tanto a pequenos comerciantes como para empresas maiores, incluindo churrascarias. Segundo o responsável pela Coordenadoria de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), coronel José Maurício Padrone, foram destruídos cinco fornos, cada um com capacidade de produzir 300 quilos de carvão, a partir de 500 quilos de madeira do mangue.

Padrone disse que esta não foi a primeira ação no local e lembrou que a Cicca vem realizando operações contra carvoarias no entorno da Baía de Guanabara desde 2007. O militar ressaltou que alguns criminosos são reincidentes – um deles havia sido preso quatro vezes pelo mesmo crime – mas que acabam beneficiados pela legislação vigente, que não classifica devastação ambiental e exploração de carvoarias ilegais como crimes de grande poder ofensivo, resultando somente em penas alternativas, como pagamento de cestas básicas.

“Já foram feitas várias operações no bairro de Jardim Gramacho. De 2007 para cá, fechamos vários fornos de carvão. Teve um proprietário que foi preso quatro vezes. Como é um crime de pequeno potencial ofensivo, o cidadão é preso e depois solto. É preciso mudar a lei. O pouquinho de mangue que ainda resta naquela área está sendo completamente degradado”, alertou Padrone. Para o coronel, é preciso descobrir quem é o proprietário da carvoaria e para quem estava sendo vendido o carvão ilegal.

Em outra frente da operação, o objetivo foi fiscalizar empresas e cooperativas de reciclagem, algumas irregulares e sem registro, que estavam poluindo a baía. Foram fechadas 30 empresas e detidas 30 pessoas. O delegado federal Fábio Scliar classificou de falsas recicladoras as empresas: “Os resíduos vão parar no manguezal e na Baía de Guanabara, causando uma degradação ambiental e humana muito grande.”

 

Edição: Aécio Amado