Mantega diz que elevação da meta de superávit primário é resposta à crise e que medida não tem relação com a Selic

29/08/2011 - 17h22

Daniel Lima, Kelly Oliveira e Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (29) que a elevação da meta de superávit primário em cerca de R$ 10 bilhões é uma resposta à crise econômica internacional e não uma sinalização para o Banco Central (BC), às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O comitê anuncia na próxima quarta-feira (31) a taxa básica de juros que irá vigorar até o dia 19 de outubro.

O superávit primário é a economia que o governo precisa fazer para pagar os juros da dívida pública e a meta, para este ano, foi inicialmente estabelecida em R$ 81,8 bilhões, passando agora para R$ 91 bilhões. A meta tem que ser atingida pelos três órgãos que formam o Governo Central: Previdência Social, Banco Central e Tesouro Nacional.

“Estamos respondendo à situação internacional. Temos repetido há semanas que está havendo uma deterioração do quadro internacional. Estamos nos precavendo a um possível agravamento desse cenário para impedir que o Brasil tenha o mesmo destino dos países avançados”, disse. O ministro destacou que, na verdade, é a crise internacional que está na “linha de preocupação do governo”, sendo necessária a criação de uma proteção para que o Brasil continue na “trajetória de crescimento com o mínimo de desgaste”.

Mantega disse ainda que o governo fortalece, com a elevação do superávit, a estratégia que vem sendo mantida ao longo dos anos de crescimento sustentável baseado em fundamentos econômicos sólidos. “Conseguimos conciliar uma situação fiscal mais sólida, ou seja, em nenhum momento, crescemos com base no endividamento ou permitindo que a inflação voltasse”.

Na crise de 2008, lembrou o ministro, o desempenho da economia brasileira forçou o governo a reduzir o superávit primário, mesmo assim com um desempenho melhor do que o da maioria dos países. “Não mudou nada da estratégia [em relação a 2008]. Todas as medidas que estamos tomando, o [Plano] Brasil Maior, o aumento de crédito e redução de tributos para as pequenas empresas vai no sentido de fortalecer o trabalhador brasileiro e o empresário para gerar empregos e o Brasil continuar crescendo”.

O aumento da meta do superávit primário, segundo ele, abre ainda caminho para a ampliação dos investimentos. Segundo o ministro da Fazenda, para que o crescimento seja sustentável nos próximos anos é preciso aumentar os investimentos. “Nosso nível de investimento aumentou, mas ainda é insuficiente para manter um nível de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] que queremos, de 5%, 5,5% ou até mais do que isso. É uma prioridade e temos que permitir que isso aconteça”.

Para Mantega, mesmo com o alcance de cerca de 80% da meta de superávit primário nos sete primeiros meses do ano, se não houvesse o aumento do esforço fiscal, o governo poderia estar passando a ideia de que seria possível aumentar os gastos de custeio. “A gente poderia relaxar. Bom, agora só falta 20% e o que viesse a mais a gente poderia gastar a mais. Não. Nós não vamos gastar a arrecadação que vier a maior. É isso que estamos dizendo. Dez bilhões de reais não é pouca coisa que estamos poupando”.

Edição: Lana Cristina