Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Antes mesmo de concluir a aplicação do asfalto-borracha na Rodovia RJ-122, iniciada no ano passado, o governo do Rio de Janeiro vai receber um prêmio internacional por ter adotado o processo considerado ecologicamente correto. O reconhecimento será oficializado no próximo dia 11, pela associação americana Rubber Pavements, que incentiva, nos Estados Unidos, o uso de reciclados de borracha de pneus em pavimentações.
“Esse processo é acompanhado, tem um controle tecnológico muito rigoroso. Na execução do pavimento, os técnicos americanos vieram aqui mais de três vezes, pesquisaram, fizeram testes e, como somos pioneiros, viram que a gente seguiu todas as recomendações das normas”, afirmou o presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ), Henrique Ribeiro.
Ribeiro explicou que técnicos do DER-RJ estudaram a tecnologia, por quatro anos, e a colocaram em prática nos 35 quilômetros da rodovia que liga Guapimirim a Cachoeiras de Macacu, com vários trechos deteriorados no início da implementação do projeto. “Daqui a um mês, a gente encerra tudo. Com a assessoria de consultores americanos, à medida que fomos realizando, fomos constatando a eficiência do produto [aslfato-borracha]”, avaliou.
Com esse parecer, o governo estadual assinou um decreto, na semana passada, autorizando o uso da nova tecnologia em todas as rodovias estaduais do Rio de Janeiro. A malha rodoviária estadual tem 5 mil quilômetros, sendo que 3,5 mil quilômetros são de trechos pavimentados. “Paulatinamente, vamos avançando no processo que é vantajoso sobre todos os aspectos. Já estamos fazendo projetos para avançar em outras estradas. A partir do ano que vem, a gente a tem programação de asfaltar pelo menos 200 quilômetros de rodovias com o asfalto-borracha”, disse Ribeiro.
Segundo o presidente do DER-RJ, o asfalto-borracha representa uma durabilidade duas vezes maior do que o convencional e tem um custo 40% mais baixo. “É mais baixo [o custo] porque a gente introduz o pó de borracha misturado no cimento asfáltico. Como o custo do pó de borracha é mais barato, o ligante já fica mais barato. E a espessura das camadas do pavimento é menor, então a quantidade do material é menor. Com essas dimensões, tem durabilidade maior, conforto e segurança”.
Mas Ribeiro explica que, como asfalto é produzido com a adição de 20% de pó de pneus inservíveis, misturado na própria obra, o processo exige cuidados e, segundo ele, isso justifica um uso ainda limitado do produto. “A execução exige um controle tecnológico rigoroso, com acompanhamento e controle do material, para dar o resultado que a gente espera. Se fizer de qualquer jeito, fica no descrédito”.
O presidente do DER-RJ destacou dois aspectos que exigem a adaptação do mercado: o agregado (pedra usada na mistura do asfalto), que tem que ser produzida no formato e especificação determinados e o pó da borracha, originado de pneus, que devem contemplar uma “junção” específica de tipos.
Edição: Lana Cristina