Roberta Lopes*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As tensões na Líbia e na Síria devem ser tratadas de formas distintas pelo Brasil, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Para o chanceler, em ambos os países há uma “escalada de violência”, mas a diferença é que o presidente da Síria, Bashar Al Assad, demonstra interesse no diálogo diferentemente do governo do líbio, Muammar Khadafi.
“O que percebemos foi um aumento das ações de violência [envolvendo os conflitos entre os oposicionistas e as forças aliadas de Khadafi]”, disse o chanceler durante audiência pública hoje (15), na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Na Síria, manifestantes enfrentam as forças de segurança de Assad em defesa da renúncia do presidente e de eleições imediatas. Para os que protestam contra o governo, Assad e sua equipe são alvos de suspeitas de irregularidades no uso do dinheiro público, atentados contra a liberdade e violação dos direitos humanos.
Patriota afirmou que a crise nos países muçulmanos preocupa a comunidade internacional. Porém, o ministro observou que há uma tendência de negociação com o governo Assad. “[O governo sírio demonstra] desejo de diálogo e de promover reformas eleitorais”, ressaltou ele, analisando a situação política nos países do Oriente Médio e Norte da África.
Para o chanceler, em breve, a situação da Líbia vai ser discutida no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Alguns líderes mundiais defendem a adoção de mais medidas restritivas às autoridades sírias para pressionar o presidente a deixar o poder e promover eleições gerais, como querem os oposicionistas.
No caso da Líbia, onde desde março há uma área de exclusão aérea, Patriota afirmou que é visível o aumento da violência na região. Segundo ele, não há sinalização das autoridades líbias em buscar um acordo. O agravamento da crise no país levou à convocação de uma reunião extraordinária no Conselho de Segurança das Nações Unidas, segundo Patriota.
Na Líbia, Khadafi resiste à pressão interna e externa e mantém-se há quase 42 anos no poder. O líder teve sua contas bancárias no exterior congeladas, perdeu um filho e três netos desde que os conflitos começaram, mas não dá indicações de que pretenda abrir mão do poder.
*Colaborou Renata Giraldi
Edição: Talita Cavalcante