Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O casal de seringueiros João Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinado ontem (24) no sudeste do Pará, deve ser lembrado por seu trabalho de conscientização a respeito de formas de exploração sustentável da floresta e não apenas pelas denúncias contra extração ilegal de madeira. Na opinião de Clara Santos, sobrinha do casal, apesar das muitas ameaças de morte que o casal recebia por causa das denúncias, os extrativistas devem ficar na memória das pessoas por sua dedicação ao trabalho com as comunidades locais.
“Meu tio sempre mostrava às pessoas que a floresta, mesmo em pé, dava muito lucro”, disse à Agência Brasil. “É importante enfatizar isso. Ele tinha um trabalho muito importante com as comunidades. Viajava muito para aprender alternativas simples que podiam ajudar as famílias a lucrarem com a exploração sustentável da floresta e depois ensinava o que aprendia”, lembra Clara, bastante emocionada durante o velório do casal.
João Cláudio e Maria do Espírito Santo foram mortos a tiros ontem (24) em uma estrada vicinal que leva ao Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, na comunidade de Maçaranduba 2, a 45 quilômetros do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará.
Receosa, Clara não faz qualquer tipo de acusação contra supostos mandantes. “Não quero fazer especulações”, diz.
Ontem (24) a presidenta Dilma Rousseff determinou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal (PF) seja acionada para investigar o assassinato dos dois líderes, ligados ao Conselho Nacional dos Seringueiros no município de Nova Ipixuna. Além da PF, o Ministério Público Federal e a Polícia Militar do Pará também estão investigando a morte do casal.
Como José Cláudio teve sua orelha cortada pelos assassinos – prática comum em casos de assassinatos com características de pistolagem – há suspeitas de que o crime foi cometido por encomenda.
Edição: Lílian Beraldo