Apesar do IOF, participação de estrangeiros na dívida aumenta em novembro

22/12/2009 - 15h55

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em vigor desde o fim de outubro,a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas aplicações financeiras internacionais no Brasil não afetou o interessedos investidores estrangeiros. Segundo números divulgados há pouco peloTesouro Nacional, a participação dos aplicadores externos na dívidamobiliária (em títulos) interna voltou a bater recorde e fechou novembro em 7,77%.Em outubro,a participação também tinha batido recorde e atingido 7,68%. Emvalores, a participação subiu de R$ 101 bilhões para R$ 104 bilhões noperíodo, também nos maiores níveis já registrados.Segundo ocoordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, acobrança de 2% de IOF sobre aplicações estrangeiras não afetou ointeresse internacional nos papéis da dívida brasileira. Ele disse que isso ocorreuporque os estrangeiros que investem no Brasil estãointeressados em títulos de longo prazo, que são menos afetados pelatributação.“Como a participação dos estrangeiros se concentraem papéis de longo prazo, o IOF, como vínhamos dizendo, não teveimpacto sobre a dívida pública”, afirmou Garrido.Para ele, o interesse dos estrangeiros nos papéis brasileiroscontinuará a apresentar tendência de aumento nos próximos meses. “Osinvestidores de longo prazo estão mais interessados nos fundamentos daeconomia do que na tributação”, destacou.Garrido afirmou aindaque o cenário em 2010 não complicará a administração da dívida pública.Na avaliação dele, o país está muito mais bem preparado para enfrentarum ano de eleições sem sobressaltos no endividamento interno e externo.“Na nossa visão, a dívida pública não será um problema a ser enfrentadopelo país em 2010, até porque houve uma grande melhoria da composição e alongamento dos prazos”, declarou.Nos últimos anos, o governomudou o perfil da dívida pública. A prioridade é para o aumento nostítulos prefixados, que têm remuneração definida com antecedência, o quepermite ao governo saber exatamente quanto pagará aos investidores nahora de resgatar os títulos. O Tesouro também alongou os prazos, paradiminuir a frequência com que a dívida é renovada.De acordo comGarrido, uma prova de que a questão eleitoral não influenciará adívida pública é que o Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2010 terá bandas mais estreitas. “O componente político não será relevante, dada a melhoria na composição”, explicou.Divulgadono início de cada ano, o PAF traz parâmetros que regem a administraçãoda dívida pública. O documento estabelece limites mínimos e máximospara indicadores como o estoque da dívida, a composição, o prazo médioe a proporção da dívida que vence em até 12 meses. Uma banda maisestreita significa que o governo pretende reduzir a variação entreesses limites.