Texto vazado em Copenhague gera críticas de países pobres e em desenvolvimento

09/12/2009 - 8h23

Paula Laboissière e Roberto Maltchik
Repórteres da Agência Brasil e da TV Brasil
Brasília e Copenhague - Ovazamento de um suposto documento final no segundo dia da 15ªConferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15)revoltou líderes de países pobres e em desenvolvimento queparticipam do encontro em Copenhague, na Dinamarca.O texto – que teriasido elaborado pela própria Dinamarca com o apoio de líderesamericanos e britânicos – revela a intenção de separar o Brasil,a China e a Índia dos países pobres, além de introduzir metas deemissões obrigatórias para nações em desenvolvimento. Várias daspropostas indicam um afastamento dos princípios que norteiam oProtocolo de Quioto.O presidente do G77 (grupo de paísespobres e em desenvolvimento do qual participa o Brasil), LumumbaStanislaus Di-Aping, afirmou ontem (8) que os US$ 10 milhões anuaispropostos pelos países ricos para financiar projetos de redução deemissões “não compram sequer caixões suficientes para os queirão morrer” em decorrência das alterações climáticas. Eledisse ainda que só não abandonou a conferência pela urgência doproblema.Após o vazamento do documento, o governo chinêsconvocou uma entrevista para exigir que os países ricos assumam aresponsabilidade pelo histórico de emissões de gases de efeitoestufa. Representantes da Aliança Pan-Africana pela JustiçaClimática chegaram a provocar um tumulto na sede da conferência emprotesto contra o documento.De acordo com a BBC Brasil, oembaixador extraordinário para Mudanças Climáticas do Itamaraty,Sérgio Serra, afirmou que o rascunho do texto foi apresentado nareunião preparatória há uma semana, também em Copenhague. Ao fimdo encontro – do qual participaram apenas representantes dos paísesmais influentes nas negociações – o documento teria sidorecolhido pelos próprios dinamarqueses.O secretárioexecutivo da COP-15, Yvo de Boer, lembrou que o Protocolo de Quiotoprevê metas específicas para países ricos e que os mais pobresdevem ser priorizados.