Bebidas alcoólicas são muito acessíveis no Brasil, avaliam especialistas

22/11/2009 - 15h21

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O comércio de bebidasalcoólicas no Brasil se caracteriza pelo grande numero e tiposde estabelecimentos onde os produtos de diversas marcas sãovendidos. Essa condição do mercado facilita o consumo eo acesso dos jovens às bebidas.

De acordo com o secretário deDependência Química da AssociaçãoBrasileira de Psiquiatria (ABP), Marco Antonio Bessa, medidasrestritivas deveriam ser adotadas para reduzir essa exposiçãoque induz ao consumo. “No Reino Unido por exemplo, não sepode vender bebida alcoólica em qualquer lugar. Para umapessoa ter um bar e vender bebida alcoólica tem que ter umalicença especial”, disse.

Segundo Bessa, a venda de bebidasalcoólicas, em alguns locais, contradiz a própriacampanha do governo do motorista não dirigir alcoolizado. “NoBrasil chega-se ao absurdo de se vender e consumir bebida alcoólicaem posto de gasolina, o que é um contrassenso, uma coisacompletamente estapafúrdia”, afirmou.

Para a pesquisadora do Unidadede Pesquisas em Álcool e Drogas (Uniad), IlanaPinsky, o grande número de locais que comercializam bebidas,inclusive em frente à escolas, reduz a eficácia dasmedidas de prevenção. “Quando você tenta fazeruma medida preventiva, que é muito mais difícil do quea educativa, você tem aqueles cartazes mostrando a vida boarelacionada à bebida alcoólica”, disse.

A restrição aos pontose horários de venda de bebidas alcoólica éapontada por Ilana Pinsky como uma das políticas maiseficientes na redução do consumo de álcool. Elabaseia sua posição na literatura internacional queaborda o assunto. “Prevenção de uso de álcoole drogas nas escolas, que é uma estratégia muitopopular, infelizmente tem uma eficácia muito pequena”,admitiu.

Aumentar os impostos sobre asbebidas também foi uma ação apontada comoimportante tanto por Ilana Pinsky quanto por Bessa. “O preçoda bebida alcoólica é muito importante no iníciodo consumo e também em um consumo mais pesado”, afirmou apesquisadora.

A adoção de políticaseficientes para a redução do consumo de álcool,no entanto, depende da capacidade da sociedade pressionar o PoderPúblico, segundo a professora de Serviço Social daUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE), Roberta Uchoa. “O Estadosó vai responder se a sociedade pressionar”, disse.

Ela destacou ainda que o álcoolé a droga cujo o consumo mais cresce no país. De acordocom Roberta Uchoa, entre 1961 e 2000 o consumo de álcool noBrasil aumentou 155%. “Mesmo que seja em 40 anos é umaumento muito significativo”, afirmou.