Polícia do Rio desarticula quadrilha que fraudava licitações

04/11/2009 - 18h07

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - “A dificuldade burocrática é vencida pela facilidade financeira.” A frase é parte de um diálogo, captado pela polícia, entre envolvidos em um esquema de fraudes em licitação. Eles planejavam abrir uma firma fictícia para facilitar o golpe, que envolvia 12 empresas, a maioria empreiteiras.O esquema começou a ruir hoje (4), com uma operação da Polícia Civil do Rio, que cumpriu 30 mandados de busca e apreensão e deve resultar em pelo menos 12 indiciamentos.A fraude consistia em combinar preços para garantir que uma empresa do grupo sempre vencesse a licitação, em um esquema de rodízio. O delegado Flávio Porto, coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, disse que os empresários já estariam planejando formas de vencer inclusive licitações das obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas.Segundo ele, até o momento, foi apurado que o grupo envolvido na fraude teria participado de obras no valor de R$ 100 milhões, provocando prejuízos aos cofres públicos em até 20% do valor, por causa do sobrepreço artificial gerado pela combinação de propostas. “Todos tinham conhecimento da proposta um do outro. Eles se ajustavam antes da licitação”, explicou o delegado.Em uma outra interceptação ambiental gravada pela polícia, um dos suspeitos afirma: “Que é armação, essa licitação é. Tem uma fila de 20 empresas, aí os caras combinam. Tem que se reunir antes lá fora e não querer resolver o negócio ali dentro”. As investigações começaram no ano passado, a partir das suspeitas de fraudes em uma licitação para reformar uma delegacia de polícia. “Deflagramos uma investigação que identificou um grupo criminoso organizado, que não só realizava o golpe aqui na Polícia Civil, mas também em outros órgãos das administrações estadual e municipal”, disse Porto.O delegado afirmou que o poder do grupo criminoso era tão grande, que eles conseguiam atrapalhar empresas honestas que ganhassem as licitações, que passavam a ser fiscalizadas por funcionários públicos corruptos, chegando até a desistir do processo.