Impasse na criação do governo de transição que deve ser instaurado amanhã em Honduras

04/11/2009 - 21h12

Fernando Freire
Enviado Especial da EBC
Tegucigalpa - O governo de transição de Honduras será instaurado amanhã (5), confirmou a comissão criada para acompanhar a execução do acordopolítico firmado entre o governo golpista e o deposto. No entanto, representantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, querem a sua presença no novo governo, o que não estaria garantido pela comissão. O secretário norte-americano para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon,disse que arecondução de Zelaya à presidência não é uma exigência para o governode transição começar a funcionar. A declaração, segundo o diplomatabrasileiro Lineu de Paula, que está na Embaixada do Brasil em Honduras,não foi bem recebida por Zelaya. "O presidente ficou muito chateado eescreveu uma carta para a Secretária de Estado dos Estados Unidos,Hillary Clinton,perguntando qual o papel de Thomas Shannon nessa negociação”, contou dePaula.Outro membro da comissão, oex-presidente chileno Ricardo Lagos, disse que, ontem (3) conversoucom o presidente golpista, Roberto Micheletti, e ele admitiu abrir mão dapresidência. Mas na entrevista coletiva convocada pela comissão, Lagos evitoufalar sobre o impasse na recondução de Zelayaao cargo. Lagos disse apenas que “a solução deve vir passo a passo” eque todos os lados têm que ser capazes de avançar em temas considerados, por ele,mais importantes, como o governo de reconciliação nacional.Segundo representantes de Micheletti ede Zelaya, os nomes que vão compor o governo de transição aindaestão sendo estudados. Mas o representante de Zelaya na comissão, JorgeReina, alertou que esse governo só pode começar a funcionar se opresidente deposto voltar à presidência. “O certo é que o presidenteZelaya volte. Ao se estabelecer um governo de reconciliação nacional,que reverte as coisas ao estado de antes de 28 de junho, o presidente se chama José Manuel Zelaya”, disse Reina.A secretária de trabalho dos Estados Unidos, Hilda Solís, queintegra a comissão, disse que espera que as eleições ocorram no fim domês. “O acordo prevê a instalação de um governo detransição até o dia 5. Esperamos que isso aconteça e que haja eleiçõestranquilas”, disse Solís.