Pesquisa da FGV mostra potencial do setor de seguros para a população de baixa renda

09/09/2009 - 18h30

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Para evitar avulnerabilidade da população de baixa renda às turbulênciaseconômicas e problemas sociais, pesquisa da Fundação GetulioVargas (FGV), divulgada hoje (9), sugere a ampliação da oferta deseguros (planos de saúde, seguro de vida, entre outros) para ospobres, por meio, inclusive, dos cadastros em programas do governo.“O seguro ainda é umserviço de luxo. Isso é uma distorção porque o pobre não sóenfrenta mais riscos, como sofre mais com esses riscos”, afirmou ocoordenador do levantamento, Marcelo Neri. “Quem precisa mais estádesprotegido. Se essa pessoa fica doente, acaba não só sofrendo coma doença, como levando a família para a pobreza, com [os custos]do tratamento”, exemplificou.De acordo com apesquisa da FGV, cerca de 16% da população têm algum tipo deseguro. A maioria é de seguro saúde (12,9%), seguido de seguro devida (4,3%) e proteção para automóvel (2,9%). A menor parcelainveste em previdência privada (0,45%).Entre as classeseconômicas, a faixa A e B (renda acima de R$ 4,8 mil) responde por46% da demanda. Reunindo 85% da população, as classes C (até R$4,8 mil), D (R$ 1,1 mil) e E (R$ 800), contribuem com 15,6%, 4,1% e1,4% do total de seguros no país, respectivamente. Em todas asclasses, a maior preocupação é com a saúde.“Só pelaincorporação de 27 milhões de pessoas nas classes A, B e C [nosúltimos cinco anos] mais o crescimento populacional, o potencialde crescimento do setor de microsseguros pode ter um crescimento de27%. Com inovação financeira, esse crescimento pode chegar a 40%.Então, 40% é o mercado de seguros no Brasil”, destaca oeconomista.Defendendo a melhoriana vida dessa população, Neri compara o desafio da expansão dosseguros às classes C, D e E ao início da implantação domicrocrédito, na década de 1990. Segundo ele, para alcançar essafatia da população, o setor precisa de boas estratégias depropaganda e marcos institucionais claros, como o desconto direto nosalário (crédito consignado).“O Brasil temprogramas públicos relativamente bem desenvolvidos como o BolsaFamília e Benefício de Prestação Continuada (BPC)”, afirmou, aolembrar que a renda com esses benefícios é certa e contínua,podendo ser aplicada nos planos das seguradoras. “Ou seja, temoscaminhos para chegar com seguro até o cidadão mais pobre.”