Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Defesa negou que o processo de escolha dos 36 aviões de combate que a Força Aérea Brasileira (FAB) pretende comprar tenha sido encerrado e que o governo brasileiro já tenha optado pelos caças franceses Rafale. Em nota divulgada ontem (8) à noite , o ministério informou que as negociações prosseguem, inclusive com a possibilidade de os demais concorrentes apresentarem novas propostas.
Assinada pelo ministro Nelson Jobim, a nota assegura que durante sua curta estadia no Brasil, entre os dias 6 e 7 de setembro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, se comprometeu, entre outras coisas, a ofertar os caças Rafale ao Brasil “com preços competitivos, razoáveis e comparáveis aos pagos pelas Forças Armadas francesas”.
Sarkozy veio ao Brasil não só para acompanhar as comemorações do Dia da Independência, dentro das atividades do Ano da França no Brasil, mas também para assinar uma série de acordos comerciais na área militar, fruto da parceria estratégica que começou a ser discutida em 2005.
Na nota, o compromisso é classificado como um “fato novo”, diante do qual o Comando da Aeronáutica, responsável por escolher a melhor proposta, continuará negociando com os três participantes pré-selecionados: a sueca Saab, a norte-americana Boeing e a francesa Dassault, fabricantes, respectivamente dos modelos Gripen NG, F-18 Super Hornet e Rafale.
A posição do Ministério da Defesa sobre a escolha dos caças franceses foi manifestada um dia depois de os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy anunciarem uma parceria estratégica também para o setor aeronáutico – os dois governos já concluíram as negociações para a compra, pelo Brasil, de 50 helicópteros EC 725 Cougar, de transporte militar, além da transferência de tecnologia francesa para a construção de quatro submarinos convencionais e mais o casco de um modelo de propulsão nuclear.
No caso dos helicópteros, o contrato é para o financiamento do desenvolvimento e da produção compartilhada das aeronaves, que serão construídas em Itajubá (MG), na fábrica da Helibras, empresa que pertence ao grupo francês Eurocopter. Já os submarinos serão construídos em uma área escolhida pela Marinha, na Baía de Sepetiba, litoral sul do Rio de Janeiro. Além das embarcações, o projeto inclui a construção de um estaleiro e uma base naval apropriados.
Segundo o ministério, em ambos os casos haverá um alto índice de nacionalização da produção, com boa parte dos itens empregados sendo também de origem brasileira.
Na nota de ontem, o ministério confirmou que Sarkozy teria manifestado a Lula a "disposição” da França de comprar aviões KC-390, modelo que está sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).