Ex-ministro defende exclusão da Eletrobrás do cálculo do superávit primário

16/04/2009 - 19h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso defendeu hoje (16) a retirada da Eletrobrás do cálculo do superávit primário, a exemplo do que  foi decidido pelo governo em relação à Petrobras. O superávit primário é a economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública.“A Petrobras nunca deveria ter entrado na conta do superávit”, alegou Reis Velloso, afirmando que, pelo manual  de contas nacionais da Organização das Nações Unidas (ONU), empresas estatais como a Petrobras, “que  têm superávit corrente e fazem grandes investimentos, entram  em setor privado. E não no item receitas e despesas do setor público”.Reis Velloso lançou, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Plano de Ação Contra a Crise, elaborado pela Cúpula Empresarial do Fórum Nacional, coordenado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).Segundo Reis Velloso, a inclusão da Petrobras na conta do superávit primário “foi invenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando o Brasil estava quebrado. Tal como obrigou essa história de superávit primário”. O que interessa, explicou, é o resultado final das contas públicas.“Receitas totais, despesas totais, inclusive porque a conta de juros é muito grande. Nós a deixamos de fora. Estamos ignorando algo muito importante. Como é que vamos pagar os juros? Com novos títulos. Para isso, será que não vamos ter que aumentar a  taxa básica de juros [Selic] na primeira oportunidade que se oferecer?”, indagou. “É sempre uma tentação”, ele mesmo respondeu.Por isso, ele destacou que Petrobras e Eletrobrás não deveriam fazer parte desse cálculo. “E vamos pensar em termos de receitas totais, de despesas totais, para saber como se pode fazer realmente uma boa política fiscal. Porque é isso o que importa”, concluiu o ex-ministro.