Diretor do BC não acredita em fuga de dinheiro dos fundos de investimentos

19/03/2009 - 21h15

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Odiretor de Política Monetária do Banco Central, MárioTóros, descartou hoje (19) a possibilidade de saídade investidores dos fundos de renda fixa para as cadernetas de poupança,já que esta estaria rendendo 6% ao ano, enquanto a taxa real de jurosem março seria de 5,4% ao ano. “Não acredito em fuga deinvestimentos de renda fixa para a poupança. Acho que osinvestimentos de renda fixa são tão seguros quanto osde poupança”, afirmou Torós, após participar do SeminárioInternacional de Renda Fixa, em São Paulo.Na última segunda-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que vai discutir com a equipe econômica do governo possíveis ajustes nas cadernetas. A preocupação é que, com a queda das taxas de juros, os fundos de renda fixa perdem atratividade para os investidores que podem fugir para a poupança. em busca de melhor rendimento A opinião de Tóros foi compartilhadapelo presidente da Associação Nacional das Instituiçõesdo Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Neves Moraes. “Acho que, sechegarmos a um momento em que ela [poupança] fiqueacima do custo do que os bancos conseguem para repassar os recursos,a tendência é que haja diminuição daoferta do produto poupança.”De acordo com Moraes, isso seria ruim, porquemuitas pessoas têm nesse veículo sua forma de fazerinvestimento. “E se os bancos fecharem essas carteiras, porque nãoconseguem remunerar, seria ruim”, afirmou.Segundoo economista Roberto Padovani, do Banco WestLB do Brasil, é preciso nestemomento baixar o rendimento da caderneta depoupança, que se tornou mais atrativa para os grandesinvestidores após a baixa da taxa básica de juros(Selic). Padovani acredita que isso poderia evitar a migraçãode outros tipos de investimento para a poupança.Além de ajustes nas cadernetas de poupança, o diretor do Banco Central defendeu a desindexação daeconomia paraque a política econômica brasileira avance. A indexação é a correção de preços com base na inflação do passado, o que alimenta a alta da inflação. “Se não se continuar desindexando aeconomia, poderá haver empecilhos para a continuidade dodesenvolvimento da política econômica como um todo”,disse Tóros.