CPI dos grampos quer ouvir juiz De Sanctis sobre participação da Abin na Operação Satiagraha

19/03/2009 - 14h55

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas TelefônicasClandestinas da Câmara dos Deputados deve colocar em votação na próximasemana os requerimentos que pedem a convocação do juiz Fausto DeSanctis, responsável pelo processo dos acusados da Operação Satiagraha,entre os quais, o banqueiro Daniel Dantas. Os dois já foram ouvidos pela CPI.Segundoo presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), aconvocação do juiz é necessária para confirmar ou não se ele tinhaconhecimento da participação de agentes da Agência Brasileira deInteligência (Abin) na Operação Satiagraha.“Há uma proposta e,se ela for aprovada, ele será convocado. Acho que é necessário [odepoimento], até porque o juiz Fausto De Sanctis afirmou aos membros dacomissão que ele não tinha conhecimento da participação da Abin naoperação,  o que desmente o delegado [da Polícia Federal] Protógenes Queiroz”, disse Itagiba.Hoje (19), a CPI aprovou o convite para que o diretor de Inteligênciada Polícia Federal, Daniel Lorenz, que já depôs na CPI, compareçanovamente à comissão. Além disso, também foi aprovado o requerimentoconvocando os integrantes do conselho diretor da Agência Nacional deTelecomunicações (Anatel), além do ex-agente Jairo Martins de Souza, do extinto Serviço Nacional deInformações (SNI), acusado de realizar escutasilegais.Protegidopor um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Ambrósio, também ex-agente SNI, depôs hoje (19), pela segunda vez.Para os poucos deputados que acompanharam o depoimento, Ambrósio voltou anegar que teve participação na gravação ilegal de conversas telefônicasde autoridades, mas disse que ouviu grampos “por acaso”.Ambrósioafirmou também que não houve interceptação telefônica em Brasília edisse acreditar que o vazamento de informações da Satiagraha partiu dedentro da própria Polícia Federal.Para Marcelo Itagiba, odepoimento reforçou a suspeita de que pessoas manipularam dadossigilosos, que seriam da atribuição apenas da Polícia Federal. “Confirma-se, com essedepoimento, que pessoas que não estavam autorizadas por lei tiveramacesso a documentos, que estavam protegidos pelo sigilo judicial”, disse.“Nãotemos a menor dúvida de que agentes da Abin participaram de forma ilegaldessa operação, sem o conhecimento da alta administração do Departamentode Polícia Federal. Fizeram [esses agentes da Abin] uma ação em paralelo com a Polícia Federale isso ficou bastante claro em todos os depoimentos tomados”, disse o presidente da CPI.Itagibadisse ainda que pretende sugerir à comissão a proposta de criação doConselho Nacional de Polícia, que atuaria aos moldes do ConselhoNacional de Justiça (CNJ). A idéia, segundo o peemedebista, seria ter um órgão próprio de fiscalização da atividade policial no país.