Menor demanda térmica e retração da indústria fazem sobrar gás no país, diz Petrobras

18/03/2009 - 7h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A retraçãodo consumo industrial em conseqüência da crise financeira internacional e a menor demandapor parte das termelétricas, em razão da situação hidrológica favorável, vêmprovocando um efeito contrário neste início de ano, em relação ao ano passado, quando houve crise no abastecimento de gás no país. Asinformações foram dadas pela diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria dasGraças Foster, ao adiantar que o país tem hoje uma folga de cerca de 15 milhõesde metros cúbicos de gás natural.Segundo ela, essa sobra é conseqüência da redução do consumo industrial. Além da crise financeira internacional e da necessidade de reduzir estoques,a indústria vem optando por consumir óleo combustível no lugar do gás por considerar a trocamais vantajosa. Graça Foster disse que o preço atual do óleo combustível é de US$ 5.7 por milhão de BTU (unidade térmicade referência britânica), enquanto o do gás natural está na faixa de US$6,6 por milhão de BTU.A diretora vê vantagens na troca feita pela indústria, que pôde “constatar que é possível utilizar óleocombustível quando não houver a disponibilidade atual de gás natural”.GraçaFoster já vê recuperação leve no mercado. Para ela, a tendência é de que oconsumo de gás natural volte ao normal, embora não estime o tempo paraessa normalização. “Oconsumo está voltando, eu não sei em que patamar nem quando voltará ao normal,mas já há uma ligeira recuperação”, admite. Adiretora disse que o país hoje tem condições dedisponibilizar para o mercado mais de 100 milhões de metros cúbicos diários degás natural. “É umvolume de gás que nós não poderíamos imaginar ter nessa década. Nós temos 30milhões [de metros cúbicos por dia] daBolívia, mais os 62 milhões de metros cúbicos da produção nacional e se nós trouxéssemosos 21 milhões, que é a capacidade total dos dois terminais de GNL [gás natural liquefeito], nós estaríamosaí com essa capacidade de mais de 110 milhões de metros cúbicos por dia para o atendimento do mercado térmico e não-térmico”. Graça Foster informou que a demanda por gás natural nestasegunda-feira ficou pouco mais de 20% menor do que no dia 16 de março do anopassado, tendo atingido 46,2 milhões de metroscúbicos, com o consumo industrial ficando 6,7 milhões de metroscúbicos menor do que no mesmo período em 2008. Segundo ela, em janeiro, essadiferença havia ficado em 8,7 milhões de metros cúbicos por dia e no mêspassado em 7,5 milhões.