FGV fará pente-fino na administração do Senado

18/03/2009 - 14h00

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Senado poderácortar pela metade o número de cargos de direção.Atualmente, a Casa tem 136 diretores. Todos pediram afastamento ontem(17) depois da divulgação das denúncias deprática de nepotismo. Eles estariam exercendo influênciapara garantir que parentes fossem contratados por empresasterceirizadas. Os servidores se afastaram dos cargos por determinaçãodo presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP).“Vamos reduzir muitoo número de diretores e comissões dentro do Senado. Oque for sério, essencial, fica”, disse Sarney, acrescentandoque os cargos só serão preenchidos novamente pormérito. “Teremos uma redução de pelo menos50%, mas ela pode ser maior”, completou, depois de assinar umconvênio com a Fundação Getulio Vargas para queseja feita uma auditoria administrativa na Casa.A idéia épassar um pente-fino na estrutura administrativa da Casa, reduzirgastos e acabar com a crise administrativa que o Senado vemenfrentando desde a saída do ex-diretor geral Agaciel da SilvaMaia, que não declarou à Receita Federal uma casa novalor de R$ 5 milhões. “Vamos fazer o que for necessárioe a FGV tem carta branca total para agir no que precisar”, disseSarney.O presidente ressaltou que esta não será uma reforma administrativa,como a que ocorreu há dez anos, mas uma reestruturaçãototal. Ele não estabeleceu prazo para a conclusão dotrabalho da FGV e nem valores. Disse apenas que o que o Senado vaipagar pela auditoria da Fundação Getulio Vargasserá decidido depois. Ele jogou aresponsabilidade pelos problemas atualmente enfrentados pela Casapara os presidentes que o antecederam. “Tenho um mês e quinzedias de presidência da Casa e começaram a surgirproblemas que me antecedem”, afirmou.O diretor deorçamento,Fábio Gondim, um dos que colocaram o cargo àdisposição, disse que pode haver falhas nessa varreduraadministrativa que a FGV fará no Senado. Mas justificoudizendo que o Senado não é “irresponsável nosgastos”. “O aumento dos gastos do Senado é menor do que emoutros legislativos, no governo e no Judiciário. Por exemplo,entre 2004 e 2008 os gastos do Senado aumentaram, 39% e houve reduçãode 3% nos investimentos. A União, no mesmo período,teve aumento de 62% nos gastos e de 300% nos investimentos”, disse.Hoje, o orçamentodo Senado ultrapassa os R$ 2 bilhões. No início de seumandato, Sarney determinou o corte de 10% no custeio e investimentode forma linear, além de suspensão de obras que jáestavam em curso, corte de ligações telefônicasinterurbanas e redução na aquisição econtratações de serviços. “Estou cumprindo umavontade do Senado”, explicou.