Federação da Agricultura de MS diz que processo de demarcação cria instabilidade econômica

04/03/2009 - 19h38

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - AFederação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul)posicionou-se contrária à demarcação de terras indígenas no estadoe informou que os estudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) causamuma instabilidade ao setor produtivo sul-mato-grossense. O presidenteda Comissão de Assuntos Fundiários e Indígenas da entidade, CristianoBortolotto, afirmou em entrevista à Agência Brasil que uma possívelampliação de reservas pode comprometer a economia da região maisprodutiva do estado.Segundo ele, a região sul, foco dos estudosrealizados pelos grupos de trabalho da Funai, tem 22% do território doestado e é responsável por 37% de todas as exportações estaduais. Eleafirmou também que, com o início do processo de demarcação, váriosinvestimentos foram suspensos já que, segundo ele, propriedades podemser expropriadas para serem concedidas aos indígenas.“Essasportarias da Funai [que determinaram o inícios dos estudos] paralisaramos negócios porque criaram uma instabilidade muito grande”, afirmouBortolotto. “Esta instabilidade só tende a segregar ainda mais osíndios e os produtores rurais.”O representante da Famasul disseainda que, quem conhece a realidade de Mato Grosso do Sul, sabe quetodas as propriedades rurais do estado são legais e devidamenteregistradas em cartórios desde o início da colonização da região, aindano século 19. Para ele, não é justo tentar resolver o problema de faltade terras dos índios tirando as terras dos produtores. “Todasas áreas do governo federal que poderiam ser cedidas aos índios jáforam demarcadas”, disse ele. “Se existe uma injustiça contra osíndios, somos a favor de corrigi-la. Só não vamos criar uma outrainjustiça para que daqui a dez, 50 ou 500 anos ela tenha que ser corrigida também.”Bortolottoafirmou que a proposta da Funai de indenizar os produtores que perderemsuas terras devido à demarcação é aceitável, porém ressaltou que osvalores que serão pagos pelas áreas devem ser compatíveis com os demercado e que a Funai e o governo federal devem honrá-los - o que nãocostuma acontecer, segundo ele. “Eles dizem que pagam, mas não pagam.”Ele disse também a entidade está disposta a discutir uma solução mais adequada para a questão.Paraele, entretanto, a solução ideal para o problema é a inclusão total dosíndios na sociedade.“Os indígenasnão tem produção [agropecuária] e aqui não dá mais para viver da caça epesca”, afirmou. “Nós, brancos, pardos, negros já tivemos outrasformas de vida, mas os meios evoluem. O índio quer um celular, uma vidaconforme as coisas evoluíram.”