Cresce consumo de drogas sintéticas em países em desenvolvimento

09/09/2008 - 21h01

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O consumo de drogas sintéticas está aumentando nos países emdesenvolvimento, grupo ao qual pertence o Brasil. Enquanto isso, o usodessas substâncias em países desenvolvidos apresenta tendência deestabilização e de queda. Os dados fazem parte do relatório Avaliação Global 2008 de Anfetaminas, Metanfetaminas e de Ecstasy, divulgado hoje (9) pelo Escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Drogas e Crime (Unodc).O estudo compara o consumo na população de 15 a 24 anos por continente, no ano 2000 e em 2006. Enquanto, em 2000, o percentual de usuários de ecstasy nessa faixa da população na América do Norte era de 1,28%, em 2006, caiu para 0,81%. Já na América do Sul, passou de 0,17% para 0,25% no mesmo período.As principais causas apontadas pelo documento para o crescimento do consumo de drogas sintéticas nos países da América Latina e do Caribe são a concentração dos esforços dos governos em controlar a cocaína, enquanto a produção, o tráfico e consumo de anfetaminas não são percebidas como grande ameaça.No Brasil, o maior problema está no aumento do consumo de anorexígenos, ou seja, estimulantes para o emagrecimento. A informação é do representante do Unodc para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia. Desta forma, o Brasil está em terceiro lugar no ranking dos países que mais consomem essas substâncias no mundo: são 10 doses diárias por mil habitantes.“No momento, as drogas sintéticas usadas no Brasil são de origem européia, sobretudo o ecstasy. O consumo importante de anfetaminas que há no Brasil é em relação aos anorexígenos. Por isso que o Brasil tem o consumo elevado. Há cinco anos, o Unodc chama a atenção das autoridades brasileiras para o consumo exagerado dessas substâncias. Há um abuso dessas drogas, que são usadas de forma incorreta”, disse Quaglia.O relatório aponta, ainda, que 3,4% dos estudantes de ensino médio do país usam anfetaminas pelo menos uma vez por ano. Entre os países sul-americanos, o país fica atrás apenas da Colômbia, onde o percentual é de 3,5%. O Peru fica em último, com um índice de 0,7%. Se levado em conta todo o continente americano, o uso dessas drogas subiu de 7 para 11 doses diárias para cada mil habitantes.“Estas drogas sintéticas geram em torno de US$ 60 bilhões [por ano, no mundo] para as organizações que traficam esses produtos”, ressalta o representante do Unodc, completando que este é o período histórico de alta no consumo de drogas sintéticas.“Todas as drogas tem o seu período 'de moda'. Tivemos o período da maconha, da cocaína, drogas injetáveis. Há uma curva em que, por um período, o uso sobe e depois de 10, 15 anos, começa a estabilizar e diminuir. Estamos aconselhando os países a fazerem trabalhos de prevenção para que os jovens não banalizem o uso dessas drogas.”Clique aqui para ter acesso ao relatório completo, disponível somente em inglês.