Comissão do Senado quer ouvir ex-agente do SNI acusado de fazer escutas telefônicas

10/09/2008 - 0h16

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ComissãoMista de Controle de Atividades de Inteligência do CongressoNacional pode ouvir ainda nesta semana Francisco Ambrósio doNascimento, que teria feito escutas telefônicas a pedido dodelegado Protógenes Queiroz, ex-coordenador da OperaçãoSatiagraha, da Polícia Federal. A informação foidada hoje (9) pelo presidente da comissão, senador HeráclitoFortes (DEM-PI). Ambrósio trabalhou no extinto ServiçoNacional de Informações (SNI), órgãocriado pela ditadura militar. Reportagem publicadanesta semana pela revista IstoÉ noticiaque Ambrósio teria trabalhado na Satiagraha com Protógenes.Durante a operação, Ambrósio teria coordenadouma equipe encarregada de fazer escutas em aparelhos telefônicosde autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário. Entreas pessoas que teriam sido vítimas do grampo, está opresidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes."Se ele éum cidadão desqualificado como tentaram demonstrar hoje, porque ele teve tanto acesso e tanta intimidade nas dependênciasda Polícia Federal?", questiona o presidente da comissão.O requerimento do convite para que o ex-agente do SNI vádepor no Senado foi aprovado na sessão de hoje.Segundo Heráclito,um dos quatro diretores da Abin que depuseram na comissãoafirmou que ignorava que Protógenes teria omitido de seussuperiores a participação dos funcionários doórgão nas investigações da Satiagraha.Já o líderdo PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), que participoude toda a reunião, disse que nenhuma das autoridades presentessoube informar quem era Ambrósio e qual o seu papel nasinvestigações da Satiagraha.“O Luiz Fernando[Corrêa, diretor-geral da Polícia Federal] sabequem é o Ambrósio, mas não sabe de suareputação; o general [Jorge] Félix nãoconhecia o Ambrósio, se não me engano, e o outro [PauloLacerda] conhece o Ambrósio, mas não sabe de nadado Ambrósio", tentou explicar o líder tucano.Os deputados esenadores também aprovaram requerimento pedindo que sejamrepassadas à comissão as informaçõessobre o laudo da perícia feita pelo Exército emequipamentos usados pela Abin para prevenir e detectar possíveisescutas clandestinas, como o Oscor 5000, de fabricaçãoamericana.Heráclitoespera que em uma semana essas informações sejamfornecidas aos parlamentares pelo Gabinete de SegurançaInstitucional da Presidência da República (GSI).Ainda na parte dodepoimento aberto à imprensa, o ministro-chefe do GSI, JorgeFélix, afirmou que Ambrósio não trabalha na Abine que teria deixado o setor de informações há 10anos. Ele garantiu ainda, juntamente com o diretor afastado daagência Paulo Lacerda, que o órgão não fazqualquer tipo de escuta clandestina e tampouco tem equipamento quepermita tal ação.Em quase sete horasde depoimentos, quatro das quais sigilosas, as autoridades da áreade informações tentaram esclarecer as denúnciasde que a Abin e a PF estariam envolvidas em escutas clandestinas.Além dogeneral Félix, de Lacerda e de quatro diretores da Abin, acomissão ouvir o diretor-geral da PF.