Presidente do STF rebate críticas a decisões sobre terra indígena e caso Dorothy Stang

09/05/2008 - 21h10

Daniel Merli e Juliana Cézar Nunes*
Repórteres da EBC
Belo Horizonte - Opresidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, discordoudas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros de Estado àsdecisões do Poder Judiciário nos casos de Raposa Serra do Sol e do assassinatoda missionária Dorothy Stang.Ontem (8), Lula disse que, como presidente, não comentariaa decisão judicial, mas que, "como cidadão comum", estava"indignado" com o novo julgamento do caso da missionária. “Eu acho que depõe um poucocontra a imagem do Brasil no exterior". O presidente do STF discorda."O resultado da condenação é que atenderia à boa imagem do Brasil? E se, defato, essa pessoa for inocente? Eu não disponho de dados. Talvez o presidentedisponha". As declarações foram dadas antes de Gilmar Mendes participar de mesa de debate do 3º CongressoInternacional de Jornalismo Investigativo, que segue até amanhã (10), em BeloHorizonte.O Palácio do Planalto informou que não se manifestará sobre a declaração do ministro do STF, pois o presidente da República já manifestou sua opinião ontem.O presidente do STF também citou o caso dobrasileiro Jean Charles Menezes, morto em uma estação de metrô de Londres."Engraçado, nósacompanhamos o episódio do Jean Charles, em Londres. O senhores viram osresultados das deciões judiciais, das investigações, alguém acha que a imagemda Inglaterra ficou manchada no mundo por conta disso?", questionou Gilmar Mendes.Os quatro oficiaissuperiores acusados de envolvimento na morte do brasileiro foram absolvidospela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia, do Reino Unido. O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota, em dezembro do ano passado,de "descontentamento" com a decisão.Em relação à Raposa Serra doSol, o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi,classificou de “gravíssima” a decisão do STF de suspender a retirada denão-índios da área. O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o PoderJudiciário seria "co-responsável" pelo que acontecesse em Raposa.Gilmar Mendes diz não acreditar que osconflitos recentes na terra indígena decorram da decisão do Supremo."Naverdade já havia conflitos e é uma área que está conflagrada há muito tempo. Amelhor forma de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo nas mãos, cada um tem suaprópria perspectiva".O presidente do STF afirmou que os ministrosfaziam considerações a partir de seus "interesses"."O tribunalfez a avaliação, levou em conta o que o relator recebeu de informação e achoupor bem que fosse sustado o julgamento".