Bruno Bocchini e Elaine Patricia Cruz
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - A presidente da organização não-governamental (ONG) Meu Guri, Elza de Fátima Costa Pereira, mulher do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), afirmou hoje (9) que vai abrir o sigilo bancário e fiscal da instituição. A ONG recebeu R$ 37,5 mil de João Pedro de Moura, ex-assessor de Pereira, preso em 24 de abril pela Polícia Federal (PF) na Operação Santa Tereza.A operação investiga uma organização criminosa que teria praticado crimes de prostituição, tráfico internacional de pessoas, lavagem de dinheiro e fraudes em financiamentos pedidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).Há a suspeita de que o dinheiro, encontrado pela PF na residência de Moura, tenha sido desviado do BNDES. Em coletiva realizada hoje na sede a ONG em Mairiporã, na Grande São Paulo, Paulinho afirmou que os R$ 37,5 mil foram recebidos para que a entidade pagasse dívidas de condomínio e de IPTU de um apartamento que havia sido doado em 2004 à ONG por Moura.“O que vamos fazer com um apartamento no centro da cidade, se temos aqui espaço sobrando? Chamamos ele [Moura]. Ele falou: eu deposito [o dinheiro para pagar as dívidas] e pego o aparamento de volta. Foi isso que aconteceu”, disse Paulinho.No entanto, o advogado de Paulinho, Antonio Rosella, apresentou logo em seguida uma versão diferente. De acordo com ele, o dinheiro foi repassado a ONG como doação, e não para o pagamento das dívidas geradas pelo apartamento. Segundo Rosella, o que ocorreu foi a troca da doação do apartamento pela doação do dinheiro. As dívidas do imóvel foram transferidas, de acordo com o advogado, ao antigo dono.“A doação em imóvel se transformou em doação em dinheiro. Ponto, é isso. E foi contabilizado na conta do Meu Guri”, disse.Na última segunda-feira (5), a procuradora da República Adriana Scordamaglia disse que há indícios da participação do deputado Paulo Pereira da Silva no esquema. “A suspeita é que ele faz parte também do desvio de verbas do BNDES”, disse ela, ressaltando que o nome Paulinho é citado mais de uma vez durante o monitoramento telefônico feito pela PF. Ainda de acordo com a procuradora, o nome teria sido citado em um contexto que permitiria afirmar que se tratava do Paulinho da Força Sindical.