Presença brasileira no Timor Leste é maior com recursos humanos do que financeiros, diz Horta

30/01/2008 - 21h59

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil tem uma presença significativa no Timor Leste, mas a cooperação entre os dois países ocorre mais com a cessão de recursos humanos do que com o envio de recursos financeiros, pois tem limitações e é geograficamente distante. A informação é do presidente do Timor Leste, José Ramos Horta, que em entrevista à TV Brasil acrescentou que “o Brasil pode não ter muitos recursos financeiros, porque tem os seus problemas internos, que são prioridade, mas tem muitos recursos humanos”. Neste ano, explicou, a ajuda da Austrália, país próximo, é de US$ 70 milhões. Uma forma encontrada pelo Brasil para ajudar na estabilização política do Timor Leste é o envio de profissionais, como os 50 educadores que treinam professores timorenses de Língua Portuguesa. Desde a ocupação do país pela Indonésia, que durou 24 anos, o idioma praticamente desapareceu. Em 1999, quando os indonésios saíram do Timor, cerca de 5% da população entendiam o português, segundo estimativa de Ramos Horta. Atualmente, ressaltou, devem ser 20% os que entendem o idioma, "o que não significa falar". A expectativa é chegar, em 20 anos, a uma taxa de 50% da população que dominem a língua deixada pelos colonizadores portugueses. “Mas para isso é necessário um compromisso a longo prazo, não só timorense, mas também de Portugal e do Brasil, com o envio de professores, de infra-estrutura, meios de telecomunicação, o ensino audiovisual, formação de professores portugueses em Timor, em Portugal e no Brasil”, ressaltou o presidente, ao lembrar que “a aposta na língua portuguesa foi feita por nós em 2001, 2002, para salvaguardar a identidade timorense”.O Brasil também colabora com o Timor “na área da Justiça, com o envio de juristas, e na área econômica com apoio ao setor de agricultura, sobretudo a melhoria da cultura do café, que é uma das melhores exportações que temos”, disse. Ainda na área de Justiça, acrescentou, existe um pedido para que o Brasil colabore na criação de um tribunal militar e na estruturação da polícia militar.