Para diretora de ONG, migração da violência tem características específicas

29/01/2008 - 21h05

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dos dados que chama a atenção de quem analisa o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008, lançado hoje (29) no Ministério da Justiça, é o fato de a violência estar migrando das grandes cidades para o interior do Brasil, inclusive para cidades pequenas. Para Sandra Carvalho, diretora executiva da organização não-governamental (ONG) Justiça Global, são cidades que se destacam como as mais violentas e, "para entender como se dá a violência nesses locais, a gente tem que cruzar esses dados com o tipo de economia e de política dessas cidades”. Uma das características que ela aponta é a de cidades como Colniza (MT) e Tailândia (PA) estarem em áreas de avanço da fronteira agrícola. “Pode-se ver um crescimento da violência e dos homicídios em áreas de expansão do agronegócio ou em áreas com processo de desenvolvimento econômico muito acelerado”, explicou.No Espírito Santo ela apontou outra característica da violência, ao destacar que no estado o crime organizado se infiltra em setores do governo. "Muitos dos crimes são políticos, envolvendo assassinatos de advogados, de políticos, prefeitos e vereadores”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.Já em cidades como o Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), a diretora destacou a ação de grupos de extermínio e de agentes do Estado. Ela disse considerar necessário que a população não se acostume com os números da violência: “Não se pode tender a naturalizar esses índices de homicídio.” E defendeu o fortalecimento das instituição e a implantação de um política eficaz de combate ao tráfico de armas. “Muito da circulação de armas de fogo no Brasil ocorre de forma ilegal – são armas clandestinas que entram e ainda não há uma política adequada para investigar ou coibir essas rotas do tráfico", concluiu.