Fraude em paraolimpíadas de Sidney deixa deficientes mentais fora dos jogos no Rio

07/08/2007 - 11h54

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em 2000, durante as Paraolimpíadas de Sidney, um jornalista espanhol se fez passar por um atleta com deficiência mental e integrou a delegação de basquete do país. Após esse episódio, o Comitê Paraolímpico Internacional decidiu que não haveria mais provas para deficientes mentais nos campeonatos promovidos pela entidade. Essa decisão vale pelo menos até as Paraolimpíadas de Pequim, em 2008. Após os jogos, será discutida novamente a possibilidade de atletas deficientes mentais voltarem ao programa paraolímpico. Por isso, os Jogos Parapan-Americanos, que acontecem de 12 a 19 de agosto no Rio de Janeiro não terão provas para deficientes mentais. “Houve uma falha, uma negligência muito grande por parte da Federação Internacional de Desportos para Deficientes Mentais para que se tivesse um sistema confiável, para que se pudesse dizer: esse atleta é deficiente mental, esse não é”, afirma o presidente do Comitê Paraolímpico das Américas, Andrew Parsons. A decisão não inclui atletas com paralisia cerebral, uma classificação diferente segundo o Comitê Paraolímpico.Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Desportos de Deficiente Mentais (Abdem), Adilson Ramos, o Comitê Paraolímpico Brasileiro poderia ter incluído os deficientes mentais nos jogos que serão realizados no Rio de Janeiro. “Essa situação é muito estranha, eles dizem que o deficiente mental não participa dos jogos em Pequim, entretanto, o Comitê Olímpico Brasileiro colocou [nos Jogos Panamericanos] modalidades esportivas que não estão em Pequim, porque a organização do país pode colocar as modalidades que desejar. E os deficientes mentais foram excluídos”, critica. Ramos também reclama que uma situação particular tenha prejudicado vários atletas deficientes, lembrando o ocorrido em Sidney.  “Diante daquela situação estamos sendo punidos apenas como justificativa pela organização dos jogos Parapanamericanos”, critica. Ele lamenta a ausência dos atletas com deficiência mental na competição do Rio de Janeiro. “A cada 10 deficientes, sete são portadores de deficiência mental. O maior contingente de atletas vai ficar fora do Parapan”, diz o presidente da Abdem. Andrew Parsons explica que, como a decisão de deixar os deficiente mentais de fora dos jogos oficiais foi do Comitê Paraolímpico Internacional, nem o Comitê Paraolímpico Brasileiro nem o Comitê Paraolímpico das Américas poderiam reverter essa situação. “É uma pena, porque é um segmento grande de atletas, mas é um problema que vem se arrastando desde 2000, e que realmente precisa ser cuidado com muita atenção porque afeta diretamente a credibilidade do movimento paraolímpico”, afirma.