Pesquisa apura que centros públicos ainda não democratizaram acesso à internet

07/08/2007 - 23h33

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Mapa das Desigualdades Digitais no Brasil, divulgado hoje (7), apontaque os postos públicos de acesso à internet não são ainda em número suficiente para atender a população. E que fatores como a localização dificultam esse acesso apessoas de baixa renda. O estudo foi feito pela Rede de Informação TecnológicaLatino-Americana (Ritla), organização internacional com o objetivo decontribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico, com apoiodo Ministério da Educação.Há três semanas, o estudante Sérgio Oliveira, de 45 anos, freqüenta uma sala do Projeto Casa Brasil, na cidade satélite de Ceilândia, a 24 quilômetros de Brasília, em busca de qualificação profissional para aumentar o salário. O projeto, do governo federal, oferece computadores conectados à internet e cursos que aliam tecnologia digital à cultura.“Essa é uma chance para a população carente ter acesso à internet e se atualizar. Em outros lugares, conectar-se é muito caro”, disse o estudante. De acordo com o levantamento da Ritla, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2005, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os centros públicos foram usados por somente 2,1% da população a partir dos 10 anos de idade. Essa parcela prefere se conectar de casa (10,5%), do trabalho (8,3%), da escola (5,4%) e de lugares pagos, como as lan houses (4,6%). O estado de São Paulo, informa o estudo, tem os melhores índices de acesso popular: 2,4% . No outro extremo, apenas 0,1% da população de Alagoas com menor renda buscou a internet nos postos públicos.Em todo o país, apenas uma parcela de 0,9% da população de baixa renda acessou a rede gratuitamente, contra 4,5% da população de renda mais alta. O estudo não apresenta o valor da renda da população pesquisada, dividida em dez faixas. E sugere uma revisão das estratégias de expansão dos centros públicos e das desigualdades sociais, que se refletem nos índices de acesso de acesso à internet e, conseqüentemente, no uso das tecnologias de informação e da comunicação. “Se não formularmos ou apoiarmos, firmes e decididamente, medidas que diminuam as desigualdades existentes ou que limitem sua consolidação, estaremos só reforçando o círculo perverso da exclusão”, conclui o texto.