Daniel Merli e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O relatório parcial apresentado hoje (22) pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), sub-relator de Contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, pediu indiciamento de 14 pessoas. Entre elas, diretores da estatal durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Estão na lista dois ex-presidentes da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT): Hassan Gebrin, presidente em 2002, e João Henrique de Almeida e Sousa, que excerceu a função até o início deste ano. Também foi pedido o indiciamento de dois ex-diretores de Operações dos Correios: Maurício Coelho Madureira, que estava no cargo em 2005, e Carlos Augusto de Lima Sena, em 2002.
No texto, Cardozo afirma suspeitar que havia um esquema de remessa de dólares para paraísos fiscais, por meio de contratos com os Correios. Há suspeita de que as empresas Skymaster Airlines e Brazilian Express Transportes Aéreos (Beta) tenham superfaturado o preço de seus contratos com os Correios. De acordo com o relatório, o superfaturamento teria chegado, "em cálculos conservadores", a R$ 64 milhões, até abril de 2005.
Duas das empresas contratadas por Skymaster e Beta para excercer o contrato com os Correios têm sede nas Ilhas Virgens – arquipélago que, por suas leis, é considerado um paraíso fiscal. Cardozo diz que os pagamentos feitos a essas empresas podem ser uma forma de enviar dólares para o exterior. As companhias com sede nas Ilhas Virgens são Forcefield e Quintessential.
Além dos quatro ex-funcionários públicos, foi pedido o indiciamento de vários empresários: o presidente da Beta, Antônio Augusto Conceição Morato Leite Filho; os sócios da Aeropostal, Sérgio Perrenoud Vignoli e Roberto Kfouri; e os diretores da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves e Hugo César Gonçalves. Também estão na lista a representante da Quintessential Kesia Maria do Nascimento Costa e os diretores da Skycargas, Jayme Louzada Bacellar e José Tomaz Simioli. O documento também pede que se indiciem os responsáveis pelas empresas Skytrade, Quintessential e Forcefield.