Brasília, 22/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - Após o depoimento do presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Paulo Okamotto, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), informou que pretende solicitar uma investigação sobre a entrega de dinheiro ao PT para ressarcir gastos com viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao exterior, quando Lula era presidente de honra do partido.
Agripino disse que quer saber se Lula e Okamotto declararam os recursos à Receita Federal. "Precisamos esclarecer ainda como Okamotto entregou esse dinheiro todo ao PT. Ele conta que fez o pagamento em quatro parcelas e admite que parte do dinheiro foi sacada em Brasília. Como ele transportou esses recursos para São Paulo. Foi em mala ou foi em cuecas?", ironizou o líder do PFL. Agripino se referia ao pagamento de R$ 29.436, 26 que constavam da dívida do presidente Lula com o PT.
O presidente do Sebrae foi questionado por diversas vezes sobre os motivos que o levaram a se responsabilizar pelo pagamento de uma cobrança feita ao presidente Lula pelo PT. Em resposta, ele disse que se sentia responsabilizado por ter sido procurador do presidente no processo de rescisão do contrato trabalhista com o partido, entre 2002 e 2003. Nesse processo, a cobrança chegou a ser feita pelo PT, mas não foi reconhecida por Okamotto, um dos fundadores do partido.
"Por conta de tudo isso e em nome da minha amizade com o presidente, resolvi fazer o pagamento com recursos pessoais. Tinha e tenho rendimentos compatíveis com os valores apresentados pelo PT como dívida. Mas esperava que um dia o partido me devolvesse esse dinheiro, reconhecendo que despesas de viagens a trabalho devem ser pagas, sim ", afirma o presidente do Sebrae. Ele declarou ter uma renda mensal de "pouco mais" de R$ 30 mil, dinheiro proveniente da sua remuneração no Sebrae, de uma aposentadoria e da participação no conselho da BrasilPrev.
Diante dessas informações, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) atribuiu o pagamento ao PT como uma troca de favores. Segundo Peres, trata-se de uma caso de "promiscuidade entre o público e o privado – ele paga as despesas de viagens do presidente junto ao PT e o presidente indica o nome dele para um órgão tão importante como o Sebrae, que oferece salário superior ao dos ministros e maioria absoluta dos funcionarios públicos".