Núcleo de Pesquisas
Agência Brasil
Brasília - A Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária (Anteag) define a autogestão como um modelo de organização em que o relacionamento e as atividades econômicas combinam propriedade com controle efetivo dos meios de produção e participação democrática dos trabalhadores na gestão da empresa. Autogestão também significa autonomia. Assim, as decisões e o controle pertencem aos próprios profissionais que integram diretamente a empresa.
Os trabalhadores devem ter a capacidade e o poder de decisão sobre tudo o que acontece na empresa: metas de produção, política de investimentos e modernização, política de pessoal etc. Isso quer dizer que as atividades educativas e o incentivo à inteligência coletiva constituem a vida das empresas autogestionárias.
Valorizar e incentivar a criatividade do conjunto dos trabalhadores significa:
• democratizar as tarefas que envolvem conhecimento, dando oportunidade para que o "saber fazer" chegue ao conjunto dos trabalhadores;
• superar os entraves ao acesso às informações e conhecimento;
• envolver o conjunto dos trabalhadores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento;
• promover regularmente atividades de desenvolvimento do trabalho em equipe e de relacionamento entre as pessoas.
Autogestão um projeto de vida
Os empreendimentos autogestionários têm como dono o próprio trabalhador. Isso faz a diferença, pois, é ele que decide sobre sua própria vida. Esse é o grande diferencial em relação à empresa privada.
Na autogestão:
• ao sentir-se como proprietário coletivo da empresa, o trabalhador passa a assumir maiores responsabilidades e os riscos do negócio. Sentindo-se mais importante e, com maior auto-estima, aumenta a motivação;
• as necessidades e expectativas de cada trabalhador, como os sentimentos, sonhos e segurança futura são tratadas coletivamente e com condições de serem atendidas;
• o trabalhador pode fazer aquilo que deseja para ser mais feliz. As escolhas pessoais determinam a disposição para o trabalho;
• cada dono deve conhecer a empresa na qual trabalha e ter pleno conhecimento das possibilidades e limites de seu poder de decisão.
Segundo Luzimar Vieira, secretaria geral da Anteag, entre 1995 e 2004, os sindicatos perderam aproximadamente metade de seus afiliados. Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Minas Gerais constatou que, dos trabalhadores que deixaram o sindicato, uma parte havia se aposentado e mais da metade estava desempregada.
"Essa população não volta mais para o mercado de trabalho, porque as empresas reduziram vagas no mundo inteiro, devido à utilização de novas tecnologias, que lhes deram maior produtividade. A opção que sobra para essas pessoas é criar possibilidades de trabalho e renda, se unindo através de cooperativismo, de associativismo ou em empresas de autogestão"
A autogestão também se aplica nos casos de empresas em situação falimentar. A solução para essas empresas quitarem seus débitos trabalhistas é entregar sua estrutura aos trabalhadores. Isso acontece depois de um trabalho de formação e conscientização com os trabalhadores. "Se eles não quiserem, o processo de autogestão não se instala. Porque autogestão, como o próprio nome já diz, é uma coisa que vem de dentro, da autogerência, e se todos não estiverem conscientes e querendo esse processo ele não se instala", explica Luzimar.
Saiba mais sobre a autogestão na página da Anteag na internet: www.anteag.org.br