Greve tem adesão de 50% do funcionalismo público federal

10/07/2003 - 22h35

Brasília, 10/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Representantes do movimento grevista dos servidores públicos federais avaliaram, no início da noite de hoje, que 50% dos trabalhadores de diversas categorias do serviço público estão de braços cruzados. Gilberto Jorge, da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, afirmou que a adesão dos funcionários dos Ministérios da Saúde, Orçamento e Gestão e das Relações Exteriores foram importantes para prosseguimento da greve. "A paralisação da Presidência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), juntamente com todos os funcionários e até os terceirizados, deverá causar um efeito dominó amanhã, em todas as sedes estaduais, pelo Brasil todo", especulou. Ele disse que a programação "é fechar todos os parques nacionais nos próximos dias".

Amanhã, às 7h, os servidores públicos do Parque Nacional da Água Mineral, em Brasília, realizam assembléia geral para decidir se aderem à greve. "Tudo indica que os brasilienses não terão essa opção de lazer no próximo final de semana", comentou um dos organizadores do movimento grevista, Ismael José César.

Gilberto Jorge avaliou, contudo, que "a paralisação completa dos funcionários da Esplanada é difícil devido ao fato que 70% deles são terceirizados e outra parcela menor exerce função de confiança". Ele considerou que as notícias que o governo abriu negociações sobre alguns pontos da reforma, considerados anteriormente intocáveis, não diminuirão o movimento. "A greve vai continuar até que a tramitação da reforma no Congresso seja suspensa", garantiu.

Ele argumentou que as modificações anunciadas – de estipular a idade para a aposentadoria - não satisfazem o servidor público. "Ela é boa somente para os magistrados que geralmente entram na carreira aos 30 anos e somente completam o tempo de serviço mais tarde. Para o funcionário que começa trabalhar aos 14, 18 anos não atende nada", afirmou. Para ele, a reforma da Previdência ideal será aquela que tenha um regime único para todos os trabalhadores, sem distinção de magistrado, servidor que faz combate as endemias, servidor público e funcionário de empresas privadas. "Todos em uma única previdência, tendo integralidade e paridade. Porque a reforma terá que ampliar direito e não restringi-los. O problema do país não está na Previdência e sim da economia", disse.

Durante a reunião, Cláudio Santana, representante dos servidores do Itamaraty, anunciou que, por unaimidade, resolveram em assembléia realizada na tarde de hoje aderir à greve. Ele afirmou que a partir de amanhã muitos serviços prestados pelo ministério poderão ser prejudicados, como emissão de passaportes, registros de documentos e envio de mala diplomática.

Segundo os organizadores do movimento, 21 estados aderiram à greve, representando cerca de 200 mil servidores públicos. De acordo com Ismael, o comando da greve em Brasília já programou uma série de ações para a próxima semana. ‘Na segunda-feira (15), iremos recepcionar os parlamentares no Aeroporto de Brasília para conclamá-los a abrir negociações com a nossa categoria", adiantou.

Na terça-feira está prevista uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, com apoio de auditores fiscais, técnicos do Ministério da Fazenda, servidores da Universidade de Brasília e de outros setores da administração direta, informou.

O sindicalista disse também que o comando da greve vai procurar na próxima semana apoio e adesão nos servidores do Judiciário. "Na quinta-feira será realizada uma assembléia geral com representantes de todos os estados para uma avaliação do movimento", afirmou.