Alta da intenção de consumo não significa recuperação do índice, diz CNC

18/06/2013 - 15h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Após três meses consecutivos de queda, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado hoje (18) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apresentou alta de 1,9% em relação a maio. Para o economista Bruno Fernandes, da CNC, o resultado não significa recuperação do indicador; pode ser atribuído a uma base de comparação fraca, uma vez que maio mostrou o pior índice da série histórica, iniciada em 2010, com queda de 2,2%.

“A gente não olha o ICF de junho como uma reversão (da tendência de queda). É mais um fator pontual”, disse Fernandes à Agência Brasil. Na variação anual, o ICF apresentou queda de 3,8% em comparação a junho de 2012. A análise por faixas de renda revela que o resultado mensal do índice foi sustentado, em especial, pela elevação da confiança das famílias com rendimento acima de dez salários mínimos (+2,8%). As famílias com renda abaixo de dez mínimos apresentaram variação positiva de 1,7%. Os dados regionais mostram que o avanço do índice foi impulsionado pelas capitais do Nordeste e do Sudeste, com altas de 2,7% e 2,6%, respectivamente.

A perspectiva do aumento da inflação também afetou os componentes de intenção de consumo. A pesquisa constata que as famílias continuam mostrando menos otimismo em relação ao emprego, o que acaba refletindo sobre o índice de intenção de consumo. Esse fato tem sido observado nos últimos meses. “A gente percebe que, na comparação anual, houve queda nos componentes relacionados ao mercado de trabalho. Isso se dá, principalmente, pelas incertezas do cenário econômico. A gente tem uma economia seguindo em ritmo mais lento, mais moderado. Ao mesmo tempo, temos um processo inflacionário e isso faz com que as famílias se sintam menos confiantes na manutenção dos seus empregos”, disse o economista.

Por isso, mais uma vez, junho apresentou os componentes relativos ao mercado de trabalho em queda, na comparação anual. O indicador de perspectiva profissional caiu 4,3% em relação a junho do ano passado e o de emprego atual teve retração de 1,7%, na mesma comparação. Acompanhando o quadro, o item perspectiva de consumo mostrou recuo de 5,5% na comparação anual. Apesar disso, a maior parte das famílias (59,2%) considera positivo o cenário para o próximo semestre.

A CNC estima para os próximos meses estabilidade do ICF, ou até uma alta dos componentes do índice, na variação mensal. “A gente espera um arrefecimento dos preços de alimentos, que dê um certo alívio nos próximos meses. Isso vai impactar diretamente sobre o poder de compra das famílias e elas podem acusar um resultado mais positivo”. Bruno Fernandes advertiu, porém, que o cenário previsto para o longo do ano é de moderação. “Tanto é que a gente espera que o crescimento do comércio seja em torno de 4,3%, muito abaixo do que foi no ano passado (8,5%)”, disse.

A pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias é um indicador que tem como objetivo antecipar o potencial das vendas do comércio. A cada mês, são analisados 18 mil questionários, em todas as unidades da Federação.

 

 

Edição: Beto Coura
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