Presidente do Equador determina urgência nos estudos para o ingresso do país no Mercosul

18/08/2012 - 15h01

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – Em meio a controvérsias sobre o asilo político concedido ao australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, o presidente do Equador, Rafael Correa, determinou empenho de seus embaixadores nas negociações para adesão do país ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). A exemplo da Venezuela, que se integrou recentemente, o Equador quer fazer parte do bloco e busca enquadrar-se nas normas, mas apela para ter um tratamento diferenciado, que leve em consideração a economia e o tamanho do país.

O embaixador do Equador no Brasil, Horacio Sevilla-Borja, disse à Agência Brasil que o esforço é para compatibilizar a participação do país na Comunidade Andina das Nações (CAN) e no Mercosul. A iniciativa foi exposta em uma reunião no mês passado, em Buenos Aires. A próxima conversa ocorre até 15 de setembro, em Quito, capital equatoriana.

“O Equador disse que 'sim', que interessa fazer parte do Mercosul. Mas não é simples. Temos muitas perguntas que ainda precisam de respostas, como a questão de compatibilizar as normas da CAN e do Mercosul e as possibilidades que serão dadas ao Equador”, disse Sevilla-Borja.

Segundo o embaixador, mesmo com essas dúvidas, há um empenho coletivo para apressar os estudos técnicos e acelerar as questões burocráticas para incorporação do Equador ao Mercosul. Para que adesão se efetive , é necessário que os parlamentos de todos os países que integram o bloco – Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela – aprovem o ingresso dos equatorianos.

Em dezembro do ano passado, Correa deu o pontapé inicial na Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, onde conversou com os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, Cristina Kirchner, da Argentina, José Pepe Mujica, do Uruguai, e Fernando Lugo, que ainda governava o Paraguai.

Não há estimativa sobre quanto tempo levarão as articulações para a adesão do Equador ao Mercosul. O processo da Venezuela demorou seis anos porque houve resistências de parlamentares no Paraguai e no Brasil. O Brasil aprovou a incorporação dos venezuelanos ao grupo, mas o Paraguai não chegou sequer a votar, simplesmente por falta de acordo entre os parlamentares.

Em 20 de dezembro do ano passado, Dilma, Cristina Kirchner, Mujica e Lugo autorizaram o início dos trabalhos para a adesão da Venezuela. No anexo do Documento 38/11, foi publicada a decisão de criar um grupo de trabalho que irá definir os termos da incorporação do Equador como membro pleno do Mercosul.

No mesmo texto, a orientação é para que os negociadores do grupo de trabalho ad hoc observem as necessidades e interesses de todos os países envolvidos e os regulamentos do bloco. Os negociadores vão se debruçar, sobretudo, sobre as questões referentes às tarifas e nomenclaturas. O próximo país a iniciar negociações para incorporação ao Mercosul deverá ser a Bolívia. O convite já foi feito ao presidente boliviano, Evo Morales.
 

Edição: Nádia Franco