Crianças fazem exposição contra exploração sexual de menores em Brasília

18/05/2012 - 22h36

Da Agência Brasil

Brasília - Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado hoje (18), foi aberta uma exposição no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, que exibe cartazes sobre o tema feitos por cerca de 50 crianças de 17 centros de Orientação Socioeducativos. O objetivo da mostra é chamar a atenção da população para alertar sobre o problema da violência sexual. A exposição foi segue aberta até 25 de maio, das 9h às 20h.

A iniciativa da exposição partiu da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal (Sedest) , em parceria com a Secretaria de Cultura, que incentivou a criação dos cartazes durante as aulas de artes nos centros. Segundo o secretário da Sedest, Daniel Seidel, os centros socioeducativos trabalham para que crianças e adolescentes sejam orientados sobre seus direitos.

"Há uma estipulação de trabalhos dos mais variados nas agendas pedagógicas desses centros. A ideia é que a cultura da cidadania comece a tomar espaço nos lugares onde são apresentadas obras de arte, dando maior visibilidade ao tema em Brasília. No futuro, essas crianças serão agentes contra a exploração sexual. O trabalho da educação é muito válido, pois é para a vida inteira", disse Seidel.

De acordo coordenadora do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Bernardo Sayão, Thelma Melo, os centros são importantes para que as crianças e adolescentes, sexualmente abusados ou não, sejam acolhidos e recebam orientações sobre como proceder diante do problema.

"Muitas delas têm vergonha de admitir que foram abusadas por alguém. Então, a gente trabalha na prevenção para que essas crianças possam lutar e denunciar os agressores. A ideia de reunir os cartazes em uma exposição veio para apresentar como as crianças estão recebendo essa temática da exploração", disse Thelma.

Para frequentar os centros de convivência, as crianças e adolescentes, de 5 a 15 anos, são inscritos no Centro de Referência da Assistência Social (Cras). A coordenadora explica que os trabalhos são feitos em contra-turno escolar, com uma série de atividades programadas, como redação, educação física, aulas de arte e informática. As crianças não têm tempo estabelecido para permanecer nos centros, variando de acordo com a necessidade da família.

Thelma explica que o início dos trabalhos com as crianças sexualmente exploradas muitas vezes não é fácil. "Muitas delas têm vergonha de relatar o problema. Quando elas chegam até nós é realizado uma série de atividades para que ela interaja com as outras, para que no futuro, sejam agentes contra esses abusos".

Guilherme dos Santos, 10, estava empolgado com a exposição. Em seu cartaz, ele se inspirou nas orientações que recebeu no centro de convivência. Mesmo com a pouco idade, o garoto está consciente sobre os problemas de exploração contra crianças. "Eu escrevi que a gente não deve ficar calado, pois no centro aprendemos que abuso sexual é crime".

Ana Vitória da Silva, 12, decidiu participar da exposição quando um professor perguntou quem estava interessado em desenhar um cartaz sobre o tema. Ela também se inspirou nas orientações que recebeu no centro de convivência. "Estou gostando muito de participar para que outras pessoas se conscientizem sobre esse problema. Se alguém sofre esse tipo de violência, ele precisa procurar ajuda, ligar e denunciar o que aconteceu", disse Ana Vitória.

Amanda Pablino, 12, criou seu cartaz por achar que é importante que as pessoas saibam como se defender. "No meu cartaz, eu desenhei uma menina que estava voltando para casa e um homem desconhecido a chamou para ir até a casa dele. Depois, ela disse que tinha esquecido alguma coisa e correu para denunciar".

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído por lei federal, quando a menina Araceli, de apenas 8 anos, no dia 18 de maio de 1973 foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens da classe média alta de Vitória (ES). O assassinato foi prescrito e, com isso, os criminosos não foram penalizados.

Edição: Fábio Massalli