Da Agência Brasil*
Brasília - As autoridades de tráfego aéreo da Namíbia responsabilizam Botsuana pela demora na identificação do local onde o avião das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) caiu na última sexta-feira (29), alegando que o país vizinho não comunicou o desaparecimento da aeronave dos seus radares. O acidente ocorreu em território namíbio, mas a acusação é que o controle do voo era feito por Botsuana.
Já foram resgatados 31 corpos dos destroços do avião, encontrado sábado (30). O acidente não deixou sobreviventes. Os corpos de duas pessoas não haviam sido resgatados. A aeronave acidentada, um Embraer 190 de 93 lugares, recentemente adquirida pela LAM, foi fabricada no Brasil e entrou em serviço no dia 17 de novembro de 2012. O avião era equipado com dois motores da General Electric (GE).
De acordo com o controlador-chefe de Tráfego Aéreo do Ministério de Obras e Direção da Aviação Civil da Namíbia, Victor Likando, Botsuana não comunicou o desaparecimento do voo TM-470 da LAM entre Maputo, em Moçambique, e Luanda, em Angola. Segundo ele, foram as autoridades da Namíbia que contataram os departamentos em Gaborone, capital de Botsuana.
"Botsuana nunca nos disse. Eles deviam ter nos avisado, mas nunca o fizeram", disse Likando. Na sexta-feira, o avião da LAM caiu no Parque Nacional de Bwabwata, limitado a norte por Angola e a sul por Botsuana. As equipes de socorro chegaram ao local dos destroços 21 horas depois do acidente, que se presume ter ocorrido no começo da tarde.
Likando informou ainda que a tripulação do avião não tinha necessidade de contactar as autoridades da Namíbia porque, naquele percurso, a aeronave leva cerca de três minutos para atravessar o país - justamente o local onde o avião caiu. De acordo com ele, os aeroportos de Katima Mulilo e de Rundu, ambos no Norte do país, não receberam alertas de emergência.
A Namíbia vai liderar a unidade de investigação do acidente, que terá técnicos de Moçambique e Angola (países de origem e destino do voo, respectivamente), do Brasil (país onde a aeronave Embraer 190 foi produzida) e Estados Unidos (país onde foram fabricados os motores do avião), segundo normas da Organização Internacional da Aviação Civil (Icao). O resultado das investigações tem de ser apresentado em 30 dias.
A administradora da LAM, Marlene Manave, disse ontem que a aeronave havia sido inspecionada no dia anterior ao voo, como atividade de rotina que normalmente é feita de 14 em 14 dias. A representante da empresa informou que a companhia está empenhada em saber as reais causas do acidente.
De acordo com ela, o comandante do voo havia completado 9.053 horas de atividade, das quais 1.395 como comandante de aeronaves do tipo Embraer, e a sua licença mais recente havia sido renovada no dia 12 de abril de 2012. Segundo Marlene, o comandante passou por inspeção médica no dia 2 de setembro deste ano.
* Com informações da Lusa e da Agência de Informações de Moçambique (AIM)
Edição: Davi Oliveira
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