Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Santiago – Os chilenos terão a oportunidade neste domingo (17) de participar de uma eleição paralela, convocada por um grupo de amigos por meio das redes sociais. Quem apoiar a proposta de convocar uma Assembleia Constituinte para reformar a Constituição, herdada da ditadura militar, deve marcar as letras “AC” no canto superior direito da cédula, com os nomes dos nove candidatos às eleições presidenciais.
A campanha "Marque Seu Voto" começou timidamente há seis meses, mas foi ganhando adeptos nos meios artísticos e em todo o país. Apesar de não constituírem um partido, nem terem recursos ou acesso à mídia, em seis meses, os criadores da campanha conseguiram montar equipes em 15 das principais cidades chilenas e formar 3 mil “cidadãos observadores” que – com o apoio de algumas alianças partidárias – contarão os votos marcados com AC.
“Podemos ter muitos, poucos ou quase nenhum voto, mas já conseguimos um dos nossos objetivos: instalar no Chile o debate sobre a necessidade de convocar eleições, para escolher os membros de uma Assembleia Constituinte, e reformar a Constituição”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da campanha, Ignacio Iriarte. “Um sinal de sucesso é que já fomos tema de quatro editoriais do jornal conservador El Mercurio, que nos considera uma ameaça à estabilidade das instituições chilenas”.
A reforma constitucional é uma das principais bandeiras da socialista Michelle Bachelet – candidata da aliança de partidos de centro-esquerda à Presidência e favorita de todas as pesquisas de opinião. Mas vários dos outros oito candidatos a presidente também propõem mudar a Constituição, que limita a atuação dos políticos em geral e a ingerência do Estado na economia.
Pelo atual sistema eleitoral chileno, o governo só tem maioria no Congresso se seus candidatos conseguirem dobrar o número de votos do adversário. Caso contrário, uma bancada vai para o partido mais votado e a segunda, para o segundo colocado. “Como o novo Congresso será eleito por esse sistema continuará sendo igual ao velho, no sentido de que não representa a vontade da maioria”, explicou Iriarte. “Nossa campanha é uma forma de pressionar o novo governo a ouvir as vozes das ruas”, concluiu.
Edição: Lana Cristina
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