Daniel Mello*
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os dois estudantes presos na reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) foram transferidos hoje (13) para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), eles foram detidos no início da manhã de ontem (12) quando saíam do prédio que permaneceu ocupado pelos alunos por 42 dias. A reitoria relatou diversos danos causados ao imóvel, a equipamentos e ao mobiliário durante a ocupação.
O advogado dos jovens, Teodomiro de Almeida, contesta a versão da polícia e diz que os rapazes estavam voltando de uma festa em um centro acadêmico quando foram presos. “Eles foram simplesmente perguntar a um policial o que estava acontecendo. O policial pegou e jogou [os estudantes] dentro do carro. Não disse nada para eles. Bateram neles durante o trajeto”, relatou o defensor que também é pai de Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, de 23 anos. Ele e João Vitor Gonzaga, 27 anos, são alunos da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
O advogado disse que entrará com um pedido de relaxamento da prisão dos jovens. De acordo com Almeida, existem fotos que comprovam que os estudantes estavam em uma festa e não participaram da ocupação da reitoria. Eles foram os únicos presos durante a ação da Polícia Militar em cumprimento da decisão judicial para a retomada do prédio. Antes da chegada da Tropa de Choque, os ocupantes haviam deixado o local.
De acordo com o comunicado da reitoria, deve ser finalizada até amanhã (14) uma auditoria patrimonial no prédio para determinar a extensão dos prejuízos. Foram identificados até o momento furto de equipamentos, danos a móveis, arrombamento de portas e pichação de paredes. “Trata-se de uma barbárie diante dos paulistas que mantém a USP. Há meios legítimos em uma sociedade de direito plena para resolver questões ou impulsionar mudanças”, critica a nota.
Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) considerou a presença da Tropa de Choque uma atitude “autoritária, truculenta, e inadmissível no interior de um espaço universitário". Os representantes do DCE destacam que o atual reitor, João Grandino Rodas, trata a educação como "caso de polícia".
Edição: Marcos Chagas
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