Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – As transformações urbanas e sociais ocorridas na cidade nos últimos anos, além da recente "efervescência política" na cidade, não escapam ao olhar dos que se dedicam às artes visuais. Foi com base nessa premissa – como o artista plástico enxerga sua cidade diante de tantas mudanças – que a Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) escolheu o tema da 4ª Bienal, que será aberta amanhã (28), às 17h, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no centro do Rio.
A mostra Territórios reúne um panorama da produção dos alunos da graduação e da pós-graduação da quase bicentenária escola, criada há 197 anos por dom João VI, com a vinda da missão artística francesa ao Brasil. As obras expostas refletem mudanças trazidas para as comunidades pelas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), pela revitalização da zona portuária, pelas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016 e as manifestações políticas que tomaram conta das ruas em meados deste ano.
As obras, em sintonia com as tendências atuais da arte contemporânea, englobam, em torno do tema Territórios, performances, instalações, pinturas, esculturas e vídeos. “É a segunda vez que a bienal tem caráter temático. Em 2011, os trabalhos discutiam a questão da tradição e da contradição. Agora, a comissão curadora decidiu abordar a relação entre a arte e a cidade”, explica o coordenador da mostra e diretor adjunto de Cultura da EBA, Antonio Guedes.
São, ao todo, 34 obras de 26 artistas, alguns deles atuando em coletivos. “A bienal não é uma atividade acadêmica da escola, mas sim uma vitrine, uma passagem dos alunos de graduação e pós-graduação para a sociedade”, destaca Guedes. Segundo ele, o evento reafirma a posição da EBA como geradora de pensamento e práticas artísticas.
Marcadas pela diversidade, as obras trazem referências à atual realidade carioca. O Coletivo Vô Pixá Pelada criou o Kit Manifesto Feliz, que se apropria de embalagens de alimentos descartadas, nas quais máscaras de gás artesanal e granada adesiva entram no lugar dos sanduíches. Já a demolição do Elevado da Perimetral é abordada numa videoinstalação do artista Breno de Castro.
Na obra Morro na Contramão Atrapalhando o Trânsito, a artista Julie Brasil se inspira na música Construção, de Chico Buarque, para criar uma pintura que reflete com acidez a selva de pedra urbana resultante da especulação imobiliária.
A 4ª Bienal da EBA tem entrada franca e pode ser visitada desta segunda-feira até 23 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 11h às 18h, e aos sábados, das 11h às 17h. O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica fica na Rua Luís de Camões, 68, próximo à Praça Tiradentes, no centro do Rio.
Edição: Nádia Franco
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